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sexta-feira, 15 de maio de 2020

Moedas dos mercados emergentes pressionadas

A lira turca, o real brasileiro e o peso argentino estão em mínimos históricos face ao dólar, nos 7.25, 5.72 e 67.18 dólares respetivamente. As divisas do Banco Central da Turquia estão a esgotar-se perante a tentativa de estabilização da moeda, e a economia brasileira continua pressionada pela queda do preço do petróleo. 

Desde 2015, aquando da desvalorização do renminbi chinês, que as moedas dos mercados emergentes não registavam quedas tão expressivas. O dólar, em momentos de grande incerteza, é a principal moeda de refúgio, nomeadamente nos países emergentes. Muitas economias emergentes dependem do turismo, cuja procura, em boa verdade, desapareceu após a pandemia. A Turquia enfrenta um dilema porque cortes da taxa de juro para sustentar a atividade económica aceleram a depreciação da lira. A rupia indiana, o peso mexicano, o rand sul africano e o peso chileno seguem perto dos mínimos históricos verificados há quase 15 dias.

O mercado acionista mantém-se suportado não só pelo desempenho do setor tecnológico, nomeadamente das big tech norte-americanas (Facebook, Netflix, Microsoft, Google, Amazon e Apple), mas também pelo contínuo suporte dado pelos bancos centrais.
O Banco de Inglaterra (BoE) manteve as taxas de juro inalteradas, em 0.1%, e o Quantitative Easing (QE) nos 645 mil milhões de libras, mas, segundo o governador Andrew Bailey, poderá ser alargado já em junho perante a maior queda do PIB desde 1706, aquando da sucessão espanhola, do great frost (o inverno mais frio em 500 anos) e a bolha da Companhia dos Mares do Sul. O BoE não descarta outras medidas, mantendo todas as opções em aberto. Porém, refere que atualmente ainda não foram equacionadas taxas de juro negativas.
O Banco da Inglaterra alerta que a economia do Reino Unido possa contrair 14% em 2020 devido pandemia e às medidas para contê-la. No presente trimestre a economia britânica deverá encolher 25%.

O Banco da Noruega, no dia 7 de maio, cortou a sua taxa de juro de referência em 25 pontos para um nível recorde de 0%, surpreendendo o mercado que esperava que se mantivesse nos 0.25%. Já no dia 20 de março havia reduzido a taxa em 0.75 pontos percentuais de 1% para mínimos históricos de 0.25%. A 13 de março tinha cortado 50 pontos base, de 1.50% para 1%. Três cortes para responderem ao significativo abrandamento da atividade económica devido à Covid19, amplificada pelo impacto severo da pandemia nos países vizinhos, principalmente escandinavos, e por uma queda acentuada nos preços do petróleo.
As autoridades norueguesas referem que uma cotação do barril de petróleo entre os 50 e os 60 dólares seria o desejável para que a economia regresse à normalidade
Esta semana, o Jobless Claims nos EUA alcançou os 3.17 milhões, e já são mais de 33 milhões de americanos que perderam o seu trabalho desde meados de março, cerca de 20% da força de trabalho, a maior queda desde a década de 30, na Grande Depressão, há mais de 80 anos.

Empresas
A Teva Pharmaceutical manteve as projeções de lucro para o ano, à medida que as vendas trimestrais de medicamentos, incluindo produtos respiratórios, aumentaram durante a pandemia de Covid-19. A Ahold Delhaize teve um crescimento das vendas de 13,8% nos EUA e de 9,8% na Europa no 1º trimestre, em linha com os números preliminares fornecidos pela retalhista a 7 de abril. A Liberty Global e a Telefonica estarão perto de assinar o acordo de 24 mil milhões de libras. O resgate de 10 mil milhões de euros da Lufthansa, em troca de 25% de participação do Estado alemão, foi adiado pelos legisladores germânicos que veem incompatibilidade do Estado deter uma participação na transportadora e ter poder de veto.

Cambial - Lira turca
A lira caiu para 7.25 por cada dólar, renovando mínimos históricos. O Banco Central da Turquia para conter a queda compra liras e vende dólares e outras divisas de relevância mundial. Este processo diminui acentuadamente as suas reservas cambiais. Os investidores estão preocupados com o depauperado montante de divisas e com a necessidade de financiamento externo perante uma economia turca significativamente penalizada pela pandemia. A Turquia pediu à Reserva Federal dos EUA e a outros bancos centrais acesso a fundos. Porém, as palavras de um alto funcionário da Fed, referindo que as linhas de swap eram para países que tinham uma relação de "confiança mútua" com os EUA e os mais altos padrões de crédito, pressionaram ainda mais a lira.

Real brasileiro
A cotação do real face ao dólar está em mínimos históricos, nos 7.25 reais por cada dólar. No dia 5 de maio a Fitch manteve a classificação de crédito do Brasil em BB-, mas reviu em baixa a perspectiva para negativa. No dia 6 de maio o Banco Central do Brasil cortou a taxa selic em 0.75 pontos percentuais, para os 3%, valor mais baixo desde dezembro de 1997, e foi o sétimo corte consecutivo, e deixou em aberto a possibilidade de novos cortes. Menor remuneração é sinónimo de menor atratividade desta moeda. O real brasileiro teve o pior desempenho entre as moedas mais negociadas. As tensões políticas no Brasil, a contração económica e aversão ao risco global continuam a afetar o real. A covid19 e a queda do petróleo espoletaram a queda.







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Naturalidade Angolana
Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.