O metaverso é uma tecnologia que promete ser a maior
revolução desde o ‘smartphone’. É uma fusão entre o mundo real e o virtual,
centrada numa economia em pleno funcionamento. Neste universo virtual as
pessoas interagem entre si por meio de avatares digitais e esse mundo é criado
a partir de diversas tecnologias, como realidade virtual, realidade aumentada,
redes sociais, blockchains e criptomoedas. Ninguém sabe onde o metaverso vai
chegar, mas a importância das criptomoedas para o seu crescimento é uma
certeza. As grandes tecnológicas disputam uma fatia dessa próxima etapa da rede
mundial, em que estaremos não apenas a ver os conteúdos, mas simultaneamente
dentro deles. O metaverso é um parque temático sem limitações e do tamanho da
imaginação e da criatividade. Não é uma extensão da internet, mas sim um
sucessor, e está a ser construído a partir de ‘blockchains’ e aplicações
descentralizadas. Ao contrário do mundo dos jogos eletrónicos onde
interpretamos outros personagens, o metaverso não é baseado em objetivos. Os
jogadores podem comprar e vender mercadorias, terrenos, bens e serviços que não
possuem nenhum valor real fora do seu próprio universo virtual. ‘Second life’
criado em 1999 é o embrião dos metaversos…
A pequena ilha de Barbados, na América Central, será o
primeiro país a inaugurar a sua embaixada no metaverso. O complexo diplomático
está a ser construído na Decentraland, uma das principais plataformas do
metaverso que utiliza a blockchain do Ethereum (ETH). Este jogo utiliza a
criptomoeda MANA nas aquisições e a propriedade do terreno é adquirida por meio
de NFT (tokens não fungíveis), ou seja, certificados de autenticidade de
propriedade. A Decentraland está a construir uma rua de lojas para a venda de vestuário.
Prada, Louis Vuitton e Gucci vendem roupas virtuais em mundos 3D. A empresa de
gestão de criptomoedas Grayscale estima que o metaverso seja uma oportunidade
de receita de um bilião de dólares, cerca de 5% do PIB dos EUA.
Anunciada como a terceira vaga da Internet, a Web 3.0 é caracterizada principalmente pela partilha e descentralização. No início do ano, o movimento Web 3.0 foi impulsionado pelo aumento significativo de NFT que passaram a conferir utilidade a muitas criptomoedas, nomeadamente ao ETH. Além de descentralizar e ser baseada em software de código aberto, a Web 3.0 permite que os participantes interajam diretamente sem passar por um intermediário confiável e qualquer pessoa pode participar sem autorização de uma direção centralizada. Como resultado, as aplicações da Web 3.0 serão executadas em blockchains ou redes ponto a ponto descentralizadas. Ou seja, a Blockchain é a forma de garantir a segurança a uma internet gradualmente mais descentralizada. Deste modo, algumas criptomoedas ganham particular interesse na crescente interação com o metaverso.
As Big Tech têm o monopólio da Web 2.0. Mas as tecnologias da Web 3.0, como o metaverso e a criptoeconomia, tentam defender-se das grandes tecnológicas porque receiam limitações à descentralização. O Facebook alterou recentemente o seu nome para Meta, demonstrando particular interesse pelo mundo virtual. O gigante das redes sociais procura a liderança do nascente metaverso da realidade virtual.
A Web 1.0 refere-se ao primeiro estágio da evolução da ‘World Wide Web’, baseada na interação entre os criadores de páginas de internet e os seus utilizadores, mas não usava algoritmos para filtrar as páginas de Internet, o que tornava difícil para os utilizadores encontrarem informações relevantes. A Web 2.0 é atualmente a internet dominante, teve início em 2005 e é conhecida como ‘web social participativa’.
Todavia, a postura gradualmente mais ‘hawkish’ da Reserva Federal dos EUA (Fed) poderá refrear os metaversos. O êxito no início do ano dos NFTs deveu-se não só à novidade e utilidade criada para criptomoedas como o ETH, mas também ao dinheiro fácil que surge sempre na esteira de políticas monetárias energicamente expansionistas, neste caso para responder à crise económica ditada pela pandemia e, consequente, confinamento.
De acordo com os futuros negociados na bolsa de derivados de Chicago, o Quantitative Easing da Fed deverá terminar no primeiro trimestre de 2022 e seguir-se-á uma política monetária contracionista refletida numa subida de taxas de juros de 75 pontos base até ao final do ano.
Paulo Monteiro Rosa In Vida Económica 17 dezembro 2021
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