1. A Cimeira europeia de
9 Dezembro. O primeiro passo para ultrapassar a crise do euro.
A cimeira do passado dia 9 de Dezembro fica marcada como
a primeira com carácter político. A Zona Euro necessitava de uma decisão
política, como de “pão para a boca”. Algo de positivo foi elaborado para a
salvação do euro. Neste momento é um simples esboço, mas esperemos que mais
tarde se concretize em algo mais palpável. Pela primeira vez a luz ao fundo
túnel começa a ser visível. Foi um dia de renascimento do projecto europeu, com a
consagração de uma estabilidade orçamental. São
medidas estruturais e o primeiro passo para a criação, das tão mencionadas,
“eurobonds”. Estas obrigações do tesouro europeu, como o próprio nome indicia,
para serem viáveis têm que ter inerente um tesouro europeu e um orçamento único
subjacente. O princípio do fim da crise do euro? Sim. O primeiro passo político
está dado. As anteriores cimeiras apenas consagraram medidas financeiras,
decisões conjunturais, bastante necessárias para ganhar tempo, mas que são
meros paliativos. O problema do euro não se resolve com dinheiro, apesar de no curto prazo ser provável que a Zona Euro
necessite de um quantitative esasing
e de maior flexibilidade do Banco Central Europeu (BCE), duas medidas que
colidem com o tratado da União Europeia. O empréstimo do BCE de 489 mil milhões
de euros a 520 bancos europeus serve para dar liquidez a um sistema financeiro
sem liquidez. Mas uma união orçamental, aliada à união monetária [cristalizada
no BCE], retiraria toda a especulação em torno do euro. O euro passaria a
usufruir de uma política económica efectiva.
O euro é a única moeda a nível
mundial que não usufrui de uma plena política económica. Tem uma política
monetária centrada no Banco Central Europeu (BCE), mas quanto à política
orçamental cada país tem a sua. Para a moeda única ter o segundo pilar a
funcionar, os orçamentos deveriam ser centralizados no Parlamento Europeu. Os
parlamentos nacionais teriam de abdicar da elaboração, tal como a conhecemos,
do Orçamento do Estado. Seria organizado um orçamento regional. O Orçamento do
Estado português estaria para o Orçamento Central europeu, assim como os
orçamentos das Regiões autónomas da Madeira e dos Açores estão para o Orçamento
do Estado nacional.
Na agenda da cimeira estava o objectivo de criar
condições para salvar o euro. Quanto às dívidas soberanas, o seu elevado peso
não vai desaparecer facilmente. Os Credit
Default Swaps (CDS), subjacentes a essas dívidas, levarão muito tempo para
voltarem a níveis sustentáveis de 0.1, 0.2 ou 0.3 pontos percentuais e o
mercado manter-se-á pressionado [esta cimeira é o primeiro passo para travar a
subida dos CDS]. Passarão muitos anos
até as contas públicas estarem equilibradas. Por último, a decadência das
economias desenvolvidas, onde se inclui a União Europeia, tenderá a agravar-se
e será uns dos grandes problemas e desafios no futuro.
São medidas desfavoráveis para os países
meridionais, habituados a conviver e a viver à sombra do crescente
endividamento? Não. São medidas que trazem a necessária disciplina. São
inadmissíveis 37 anos, consecutivos, de défices públicos em Portugal.
Responsabilidade dos governos? Em parte não. Uma quota-parte deve ser imputada
à população. A democracia não é perfeita, no entanto até prova em contrário continua
a ser o melhor dos sistemas. Mas, a qualidade da democracia é fundamental e ela
é proporcional aos níveis de educação, aliados ao sentido de civismo e à
literacia económico-financeira da população. Em Portugal é quase impossível
alguém ganhar eleições a falar sobre a realidade, a referir que não há dinheiro
ou a prometer austeridade. Na Suécia diríamos que é uma hipótese plausível.
A outra quota-parte é da responsabilidade dos calendários
eleitorais, que forçam os governos a tomarem medidas populares e
consequentemente a endividar-se. Agradar aos interesses instalados e aos
corporativismos, não deixa margem de manobra para desenvolver uma sociedade e
colocar uma economia a crescer.
Estamos perante um dilema: menos soberania e manter o nível de vida ou manter a soberania e empobrecer.
2. As medidas e os pontos mais marcantes
da cimeira.
Quanto aos pontos mais marcantes da cimeira: 1º Clarificar o
papel do Parlamento Europeu. As estruturas de representação democrática - o
Parlamento Europeu e os parlamentos nacionais dos países membros - serem
"associadas de maneira adequada".
2º “Um quadro de prevenção global" com disposições
legais sobre uma "regra orçamental", a ser inscrita ex ante "de preferência
ao nível constitucional ou equivalente". A regra central deverá ser a proibição de qualquer país membro
ter um défice estrutural (corrigido das variações cíclicas e das medidas extraordinárias)
superior a 0,5% do PIB nominal. Esta norma ficou conhecida como “regra de ouro”.
No Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), o limite do défice é de 3%.
3º Um novo quadro jurídico de regulamentação financeira, fiscal
e do mercado de trabalho. No sentido de uma harmonização no imposto sobre as sociedades
[IRC] (um ponto que afecta directamente a Irlanda) e de instauração de uma taxa
sobre as transacções financeiras (um ponto que afectaria directamente o Reino
Unido e o Luxemburgo).
4º Os Estados aderentes deverão submeter ex ante os planos de colocação de dívida. A Comissão Europeia "analisará em
particular os principais parâmetros da estratégia traçada nos planos
orçamentais, e se necessário dará parecer sobre os mesmos". Se houver
incumprimento "grave" do PEC, o país terá de rever o projecto de
plano orçamental. Entrada em vigor do "semestre europeu". Segundo as regras do "semestre
europeu", os membros da União Europeia (UE) têm de apresentar os seus
programas de estabilidade e crescimento em Abril, após o que a UE emite
conselhos para orientar a elaboração dos orçamentos nacionais no final do ano.
5º Em caso de défices excessivos, haverá
"consequências automáticas", a não ser que uma maioria qualificada
dos membros se oponha. Os governos têm de apresentar um plano de "reformas
estruturais" que será monitorizado pela Comissão e pelo Conselho Europeu.
6º Antecipação para Julho de 2012 do
Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), mas só poderá funcionar depois dos
membros que representam 90% do capital o ratificarem. O Fundo Europeu de
Estabilização Europeia (FEEF) acabará por funcionar em paralelo durante algum
tempo com o MEE, pois continua com o mandato até meados de 2013. Ambos os fundos ficarão sob gestão do BCE. No conjunto, os dois fundos - FEEF (dispõe
de 250 mil milhões de euros ainda não aplicados) e MEE, terão um tecto de 500
mil milhões de euros, mas pode aumentar em Março de 2012. A capacidade
combinada dos dois instrumentos é de 500 mil milhões de euros, o que é
insuficiente. O Banco Central da China poderá estar a
pensar num fundo de 300 mil milhões de dólares para investir no estrangeiro,
"presumivelmente na Europa" e o Qatar poderá também estar preparado
para contribuir para o FEEF.
7º As decisões no
âmbito do MEE poderão ser, em situações de emergência, decididas por "supermaioria"
de 85% do capital inscrito no BCE, abandonando a regra da unanimidade. A
emergência é definida pela Comissão e pelo BCE.
No entanto, estas medidas políticas aparentemente
eficazes para salvar o euro não foram suficientes para acalmar os mercados que
reagiram negativamente. O euro depreciou-se. Qual a justificação para esta
reacção desfavorável? As características dos investidores e a sua quantidade no
mercado, poderão explicar esta situação. São pouco os investidores no mercado e
na sua maioria são de curto prazo e estavam à espera de medidas financeiras
significativas, para retirarem mais-valias numa subida rápida de alguns dias.
Colocar mais dinheiro na economia não é solução para os
problemas estruturais, mas é sempre bem-vindo e no curto prazo traz algum
conforto. Como fazem os EUA e o Reino Unido através de quantitative esasing, palavras eufémicas para dizer “impressão” de dinheiro.
Os investidores de longo prazo estão à espera de mais sinais e sabem que não
será fácil politicamente implementar estas medidas. Em caso de referendo o
programa pode ser todo posto em causa. A indisciplina
orçamental e os desajustamentos nas balanças comerciais, derivados
principalmente da globalização, conjugam-se num declínio tendencial do
crescimento económico. O "compacto orçamental" poderá ser o começo da solução. São muitas e ambíguas as
medidas, requerendo consensos alargados, quer ao nível interno, quer ao nível
da articulação entre 26 países membros. É uma tarefa hercúlea conjugar todas estas
medidas.
3. A teoria keynesiana. O modelo de Hiks. O modelo
de Mundell-Fleming aplicado à economia
portuguesa.
A “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da
Moeda” publicada por
Keynes, economista britânico, em
1936, foi formalizada
matematicamente por Hicks e procura ilustrar a relação entre a taxa de juro e o
PIB e o seu equilíbrio de curto prazo no mercado de bens e serviços e no
mercado monetário. O
modelo pode ser aplicado a uma economia fechada ou aberta. É o
modelo IS/LM [Investiment Saving/ Liquidity preference Money
supply], cujo
equilíbrio no mercado de bens e serviços tem subjacente a igualdade entre o
investimento [investiment] e a
poupança [saving] e a inclinação
negativa da curva IS é
dada pela relação negativa entre a taxa de juro e o investimento reflectido
quanto mais elevada for a taxa de juro, maiores serão os custos de
financiamento e menor a propensão ao investimento. Mesmo que não se recorra a
empréstimos, com taxas de juros mais elevadas surge a concorrência de
aplicações financeiras que poderão ser mais rentáveis que a actividade
produtiva (é o custo de oportunidade) e o incentivo ao investimento diminuirá.
No mercado monetário, a designação LM significa Liquidity preference=Money supply e o equilíbrio é dado pela igualdade
entre a preferência por liquidez [deter moeda ou procura de moeda pelos agentes
económicos] e a oferta de moeda pelo Banco Central e outras instituições
monetárias (OIM, bancos comerciais). Perante uma diminuição do PIB, a procura
de moeda por motivos de transacção diminui e se a oferta de moeda por parte do
BCE se mantém constante, passa a existir excesso de moeda no mercado e
consequente descida do seu preço, da taxa de juro e vice-versa. Logo a
inclinação da curva LM é positiva.
O modelo de Mundell-Fleming (MF), extensão do modelo IS/LM de
Hiks, introduz a balança de pagamentos e é representado pela IS/LM/BP e tem em
conta as taxas de câmbio, fixas ou flutuantes, para calcular a IS e LM. É a
relação entre o mercado interno espelhado nas curvas IS e LM e o mercado
externo reflectido na curva BP. No modelo e caso estejamos perante uma perfeita
mobilidade de capitais, uma política orçamental expansionista num país com
câmbios flexíveis, não influencia o PIB [conduz à apreciação da taxa de câmbio
e à consequente diminuição das exportações que não é compensado pelo aumento do
consumo interno]. Também é inócua uma política monetária expansionista em
câmbios fixos [porque o aumento da oferta monetária será absorvido para a
manutenção da taxa de câmbio] – ver quadro 1.
Perante a crise financeira de 1998, o Brasil resolveu deixar
flutuar a sua moeda que estava fixada ao USD, a política monetária voltou a ser
eficaz e alguns problemas foram debelados, é o apelidado “trilema” ou “tríade
impossível”, não se pode manter, em simultâneo, a
taxa de câmbio fixa, o livre fluxo financeiro com o estrangeiro e uma política
monetária activa. A política monetária do Banco Central
de Hong Kong não influencia o PIB, porque o dólar de Hong Kong tem um “peg”,
desde 1983, com o dólar dos EUA [1USD=7,80HKD]. Se a inflação de 6% colocar em
causa o crescimento, Hong Kong abandonará o “peg”. A moeda do Qatar [Qatari Riyal] mantém-se fixa ao USD desde 1980 [1 USD=3,60 riyal].
Portugal usufrui apenas da política orçamental, que é eficaz
nas nossas relações com a Zona Euro, cujas trocas comerciais representam 60%,
porque partilhamos a mesma moeda [funciona como câmbios fixos]. Mas devido à
elevada propensão marginal às importações, esta política tende a ser inócua.
Parte dos Gastos Públicos serão, provavelmente, apropriados pelo exterior. É
provável que aumentos salariais sejam gastos em produtos importados, em viagens
ao estrangeiro ou depósitos no exterior. Nas grandes obras públicas, os
equipamentos tecnológicos e alguma mão-de-obra qualificada, provavelmente, vêm
do estrangeiro.
Nos restantes 40% das nossas trocas comerciais, a taxa de
câmbio é flexível e, segundo o modelo MF, neste caso a política orçamental
seria ineficaz, mas como estamos no euro não haverá apreciação cambial, porque
a economia portuguesa pesa apenas 2% do PIB da Zona Euro [as nossas exportações,
intensivas em trabalho, baixo valor acrescentado e tecnológico, mantêm a
competitividade via preço. Mas, subsiste a saída de capitais diante de uma
política orçamental expansionista, devido à elevada abertura da nossa economia].
As alterações cambiais do euro são um exclusivo da economia alemã e a política
monetária é feita à sua medida. Em suma, grande parte a política orçamental é
ineficiente e na ausência de política monetária, Portugal desde que entrou para
o euro quase prescindiu da política económica.
Que políticas devem ser tomadas? Incrementar as exportações
principalmente via valor acrescentado, que são a sustentabilidade de longo
prazo e a solidez estrutural. Incentivar o Investimento. Travar e substituir as
importações por sucedâneos nacionais e criar alternativas de energia com
viabilidade económica para reduzir a dependência energética do exterior.
Desincentivar o consumo e as importações e criar hábitos de poupança, para que
não seja preciso recorrer ao crédito externo. Estimular a natalidade. Educação,
Saúde e Justiça de excelência. Criar uma sociedade que saiba respeitar a
liberdade. Que saiba o que é responsabilidade e solidariedade. Que saiba o que
é o trabalho comunitário. Há muito a fazer, há um manancial de medidas e
soluções viáveis. Haja coragem para implementá-las. Há muitos interesses
instalados? Há muitos mitos e “tabus”? Haja audácia para enfrentá-los…
Um exercício simples passa por olhar
para a função do PIB, na óptica da despesa, e verificar o que deve aumentar e o
que deve ser reduzido. A função do PIB é dada pela soma do Consumo (C), do
Investimento (I), dos Gastos Públicos (G) e das Exportações (X) subtraindo as
Importações (M), [PIB=C+I+G+X-M].
No caso português, a inclinação da
curva da Balança de Pagamentos (BP) é quase horizontal. A inclinação da curva
BP depende do grau de mobilidade de capitais e da forma como estes respondem às
variações das taxas de juro e da propensão marginal às importações. Quanto
maior a mobilidade de capitais menor a inclinação da curva da BP e quanto maior
a propensão marginal às importações, mais inclinada será a curva da BP.
Portugal é membro da União Europeia (UE), onde existe
perfeita mobilidade de capitais, logo a inclinação da curva da BP é horizontal
para as relações realizadas com os nossos parceiros europeus e rondam os 70%. As
restantes trocas comerciais são realizadas fora da UE [30%], onde a mobilidade
dos capitais poderá não ser perfeita, o que se traduz numa ligeira inclinação
da curva da balança de pagamentos – ver gráfico 1.
O défice da Balança Comercial é
financiado a taxas de juros praticadas nos mercados internacionais [hoje em dia,
as taxas de juro de referência internacional são as do FMI e da EU. Estamos sob
resgate financeiro]. No caso de perfeita mobilidade de capitais, qualquer
défice da Balança Comercial será financiado à taxa de juro em vigor nos
mercados internacionais. Por isso o saldo da balança comercial é irrelevante
para determinar o equilíbrio da BP, porque o saldo da BP é indiferente à
variação das taxas de juro [Com o programa da tróica e as suas taxas de juro,
esta questão nem sequer se coloca].
Quanto aos remanescentes 40% das exportações
são para fora da Zona Euro, dos quais 30% para países exteriores à União
Europeia e a mobilidade de capitais não é perfeita. Perante um aumento do
rendimento (PIB), haverá um incremento das importações e, consequentemente, um
agravamento do défice da balança comercial. Os investidores internacionais
exigirão taxas de juro mais elevadas para financiar esse défice comercial mais
elevado – ver quadro 2.
Por
último, todas as economias ocidentais estão a cair na “armadilha da liquidez”,
referida pela teoria Keynesiana. Perante taxas de juro bastante baixas, os
agentes económicos preferem deter moeda, manter liquidez em detrimento de
títulos e investimentos, pondo em causa o crescimento económico. Há quase 20
anos que a economia japonesa mantém taxas de juro próximas de zero. O Estado
nipónico substitui-se à população, no consumo, e acumula uma dívida pública de
200% do PIB. Os EUA têm taxas de juro próximas de zero e os bancos centrais da
suíça e Suécia também, para refrearem a crescente procura pelas suas
moedas-refúgio.
4. O
Multiplicador keynesiano. A influência da economia alemã. O efeito quase inócuo
no PIB nacional face a um aumento dos Gastos Públicos do Estado português.
Como poderia o aumento do investimento
do Estado influenciar o aumento do PIB? Keynes descobriu o elemento que
apelidou de efeito multiplicador (k). Um aumento do investimento público
causaria um determinado aumento do PIB, correspondente à multiplicação de k
pelo acréscimo de investimento público. O efeito multiplicador seria dado por k=1/s.
Sendo k
o multiplicador e s
a propensão marginal a poupar da economia definida como o quociente entre a
variação da poupança da economia e a variação do rendimento disponível
(subtraído do saldo líquido entre impostos e transferências do Estado) da
economia e estaria compreendida entre 0 [ante um acréscimo no rendimento
disponível, não há nenhuma poupança adicional] e 1 [todo o acréscimo no
rendimento disponível é poupado].
A Propensão marginal ao consumo mede
o aumenta do consumo de uma pessoa quando há um acréscimo do seu rendimento
disponível. Se a propensão marginal a consumir é 1, o indivíduo gasta todo o
novo rendimento que adquire. Se fosse 0, então pouparia todo o novo rendimento.
A função consumo é em termos matemáticos uma função potência [cresce a ritmos
decrescentes. À medida que o rendimento aumenta, o consumo aumenta mas os
acréscimos são cada vez menores – a 1ª derivada é positiva e a 2ª é negativa]. Ver
gráfico 2
Utilizando os efeitos multiplicadores em
economia fechada e em economia aberta, para tentar demonstrar que aumentar os
Gastos Públicos pode ser contraproducente, dadas as circunstâncias em que vive
a nossa economia (resgate financeiro, elevado défice externo). A oferta de
moeda é determinada pelo BCE e é influenciada pelo andamento da economia alemã.
Se existir mais procura de moeda na Alemanha por motivos de transacção [devido
ao aumento do PIB] e se a oferta monetária do BCE se mantiver, então haverá
escassez de moeda, o seu preço sobe, ou seja a taxa de juro sobe. Se há
contracção económica em Portugal, a procura de moeda por motivos de transacção
diminui e mantendo-se a oferta monetária do BCE, haverá excesso de moeda em
Portugal, o que levaria a uma descida da taxa de juro, mas como o peso da
economia portuguesa é insignificante a taxa de juro mantém-se igual. Para
qualquer estádio da economia portuguesa, forte crescimento [aumento da procura
de moeda e escassez da oferta], acentuada recessão [diminuição da procura de
moeda e excesso da oferta] a taxa de juro vai manter-se inalterada perante
qualquer variação do PIB, logo a curva LM é horizontal [é o facto de
pertencermos à Zona Euro e nosso peso ser residual] – ver gráfico 1.
Face a uma propensão marginal ao consumo
(c) de 0.67 e uma propensão marginal à tributação do Estado (t) de 0.2, o
efeito multiplicador do investimento público no PIB, em economia fechada, seria
de 2,15 [k=1/(1-c*(1-t))]. Em economia aberta e com base numa propensão marginal
a importar (m) de 0.4, o efeito multiplicador reduz-se para 1.16
[k=1/(1-c*(1-t))+m]. Ganha-se, em PIB, 16% do valor investido e as importações
são grande parte desse ganho. Ver quadro 3.
Portugal deveria estar a crescer acima
da média Europeia, porque, pelo menos desde 1999, temos investido (em
percentagem do PIB), muito mais do que a média Europeia. Então porque é que
investindo muito mais, crescemos muito menos? Porque a eficiência do
investimento tem sido das mais baixas da Europa. A Expo, a construção e
remodelação de 10 estádios para o Euro2004, as “scuts”. O Estado português deve
investir em projectos aliados à produção de bens transaccionáveis
internacionalmente e que aumentem a competitividade. A taxa de câmbio real
[preço relativo dos bens entre países] tem sido favorável a países como a
Alemanha, onde os salários subiram menos que a produtividade e em resultado os
custos unitários desceram. Em Portugal os custos unitários têm subido devido à
fraca produtividade.
Mediante as ideias explanadas sobre a
teoria keynesiana e a sua aplicabilidade na resolução dos problemas da economia
portuguesa, infere-se que a aludida teoria é praticamente inócua.
5. Como
se explica o sucesso do keynesianismo nos últimos 70 anos?
Como explicar o
sucesso do keynesianismo? No famoso debate realizado nos anos 30 do século XX,
Keynes conseguiu uma melhor prestação diante do austríaco Hayek. Apesar dos
argumentos de Hayek, baseados na racionalidade, na poupança para alavancar o
investimento. Como explicar que praticamente todos os governos no mundo inteiro
tenham-se transformado em redutos keynesianos? As respostas a estas
interrogações não são difíceis.
O pensamento de Hayek
não é popular, assente numa metodologia eminentemente individualista, centrada
na tomada de decisão de cada agente económico [indivíduo ou empresa]. A
economia depende não da vontade humana, mas da acção humana. O Estado não deve
interferir no normal andamento da acção humana e deve focar-se na regulação e
no garante do estado social e Incentivar os indivíduos a criarem riqueza como sustentabilidade
das crescentes necessidades da actual população mundial.
O sucesso do keynesianismo
está no seu apelo popular, no sentido de que “os mercados são perversos” e os
Estados zelam pelo bem comum. Enquanto Hayek referia a prudência e os
benefícios da poupança, Keynes dizia que era necessário gastar mais. O que a
maioria dos políticos em todo o mundo sempre desejou ouvir, ainda mais referido
por uma fonte científica. O Keynesianismo é baseado no privilégio do imediato,
do consumo e dos gastos, e não na preocupação com o futuro, na poupança e nos
aumentos de produtividade. Preconiza o culto da dívida e a sua dependência após
décadas de “vício”. Venha mais um trago que bem poderá ser o último. A sociedade
de consumo e da imprevidência é, afinal, o reverso da moeda de uma famosa expressão
atribuída a Keynes: “no longo prazo, estaremos todos mortos”. Provavelmente
esta frase foi proferida como a resposta a alguém que lhe perguntou: “E as
dívidas quando serão pagas? Quando começamos a poupar?”. Keynes deve ter
respondido para não se preocuparem, bebessem mais um trago para esquecer, que
estavam para nascer as pessoas [gerações futuras] que pagariam a factura. Nós,
os netos de 2011 estamos a ser chamados a pagar as dívidas que os nossos avôs e
pais fizeram ao longo de sete décadas. A dívida pública é um cheque pré-datado sobre as gerações vindouras. Os jovens pagam e não vão ter reforma. No entanto, o keynesianismo recomenda
que passamos para as gerações futuras. Mas é impossível fazê-lo ad eterno, os Estados um dia entram em
incumprimento e deixam de ter quem lhes sirva mais um trago. Este “jogo” tem um
final trágico e Portugal e a Grécia infelizmente já estão a provar do seu
amargo sabor.
Em Portugal, falta dinheiro e sobra dívida. O endividamento é
proibitivo. Temos que realocar os recursos financeiros existentes para
investimentos reprodutivos. Se olharmos para o peso do consumo e das
importações veremos que algo está errado. Somos uma sociedade pautada pelo
“Ter” em vez do “Ser”.
Todos somos keynesianos, quando se fala de mais e melhor
estado social, mas quando não há dinheiro, todos os fundos devem ser
canalizados para o investimento, que trará crescimento económico para sustentar
novamente o estado social. Todos devem fazer um esforço, todos devem ser
solidários.
Neste momento atravessamos uma séria crise financeira e
desconhecem-se as suas consequências. Mas mais grave seria uma população que
padecesse de uma doença grave. Os portugueses não estão doentes! Por hipótese
se 90% da população tivesse uma doença crónica, sem cura e a qual impedisse as
pessoas de trabalhar, aí sim estaríamos perante um verdadeira crise. Temos que
dar oportunidade aos mais novos, aos jovens desempregados, a todos os
desempregados para ajudarem na construção de um Portugal mais forte. Por isso
há que enfrentar o futuro com optimismo…
No último período de
crescimento económico sustentado, no final do séc. XX a dívida pública era
inferior a 50% e o Estado resolveu reforçar o crescimento, através do aumento
dos Gastos Públicos. Foram injectadas vitaminas numa economia saudável [as
doses todas!]. Uma política desnecessária, uma política pró-cíclica, tendência
dos governos, quer por calendário eleitoral, quer por puro populismo. É a
doutrina plasmada na teoria keynesiana vista aos olhos de quem nos governa. O
correcto seria utilizar esse período de crescimento para poupar e desalavancar
a dívida. Hoje, ante recessões económicas e restrições ao crédito por parte dos
mercados financeiros, era preciso tomar medidas anti-cíclicas. Hoje seriam
precisas essas vitaminas para erguer uma economia agonizada, mas foram gastas
numa economia saudável. É um irónico e surreal paradoxo.
Quando emprestamos dinheiro a alguém, não nos certificamos da
sua capacidade de pagamento? E emprestamos várias vezes. E se essa pessoa nos
pedir pela 8ª vez e não tiver qualquer capacidade para honrar os seus
compromissos, emprestamos? Concedamos um empréstimo condicionado: Não há café,
não há tabaco, não há férias, não há jantares fora, mas mantemos todas as suas
capacidades para trabalhar e poder honrar os seus compromissos?
Os trabalhadores de hoje, provavelmente, irão receber, daqui
por 20 anos, menos 50% da pensão que hoje os seus pais e avós reformados
auferem por inteiro [pagas pelos aludidos trabalhadores]. As dívidas são para
gerir e endossar aos filhos? Se forem bem geridas…
6. O capitalismo chinês e as economias emergentes não dão tréguas
ao ocidente.
Os países
emergentes, com a china à cabeça não dão tréguas às economias desenvolvidas. A
economia chinesa baseada no capitalismo selvagem, onde a palavra democracia não
existe, não pára de crescer e fazer frente ao ocidente. Mas as multinacionais
ocidentais deslocaram as unidades industriais para a China e beneficiam e
estimulam esse capitalismo sórdido e desumano [mas os trabalhadores rurais, em
busca de melhores remunerações, trocam o trabalho no campo, pelos empregos na
indústria. Elevam a sua qualidade de vida? Não sei]. Nós ocidentais, que
consumimos produtos chineses ou fabricados na China pelas multinacionais
ocidentais, pelo seu preço mais acessível, estamos também a incentivar essa
forma de trabalho.
Ontem, dia 22, a
Three Gorges, empresa chinesa, comprou 21.35% da EDP por 2.69 mil milhões de
euros [preço de 3.445 euros por acção, 40% acima da cotação de mercado]. A
empresa chinesa refere que tem 8 mil milhões de euros para investir,
nomeadamente na área das energias renováveis. A venda dá para reduzir a dívida
pública em 1.5 pontos percentuais.
O ocidente quer manter o seu status quo. O ocidental quer ir de
férias para a Tailândia, para a indonésia, para a Índia e beber o seu café,
servido por um autóctone tailandês, num insuflável no meio de uma piscina de
hotel.
Mas, a partir de agora para continuar
a beneficiar desse estilo de vida tem que trabalhar e esforçar-se, porque
existem quase 3 mil milhões de pessoas nos países emergentes disponíveis para
trabalhar por determinados salários e regalias sociais diferentes dos países
desenvolvidos. Se o ocidente mantiver a mesma postura, daqui por 30 anos
veremos muitas esplanadas espalhadas por essas capitais europeias repletas de
chineses e tailandeses a serem servidos por nativos europeus.
Só existem
direitos adquiridos se existir economia para os sustentar. Os direitos
adquiridos são para sustentar a dignidade humana, são para manter o estado
social [na verdadeira acepção de estado social]. Tudo que ultrapasse a
razoabilidade social tem que ser alvo de uma análise criteriosa do dinheiro
existente e da justa repartição da riqueza. Os únicos direitos que existem são
o direito à vida, à liberdade, o direito de ser respeitado, à liberdade de
expressão, os direitos consagrados numa democracia plural. E como existem
direitos, também existem obrigações e deveres na mesma proporção. A obrigação
de não atentar contra a vida de outrem, o dever de respeitar o próximo, a
obrigação de respeitar a liberdade. Os direitos adquiridos não estão consagrados
numa democracia. Para eles existirem tem que alguém pagar para eles. Se o bolo
vai diminuir em 2012, se existe alguém que quer manter a sua fatia, outros verão
a sua ser diminuída. Se Portugal tivesse uma dívida de 50% e um défice de 2%
estaria com os juros pressionados em alta? Não. Poderia manter regalias sociais
e deveria guardar dinheiro para eventualidades. Poderia criar os alicerces para
um crescimento salutar, sustentável, como faz qualquer empresa estruturada.
Neste momento tem que sanear as contas para depois voltar a crescer.
O PIB a nível mundial aumenta a cada ano que passa, salvo raras excepções, a um ritmo de crescimento médio anual de 3%. Mas a fatia que cabe à Europa e aos países desenvolvidos é cada vez menor, enquanto que a fatia dos países emergentes vai aumentando.
7. O Índice de Percepção de Corrupção,
o Índice de Desenvolvimento Humano e o Índice de Gini. Factores que diferenciam
as economias periféricas e as economias do norte da Europa.
O Índice de
percepção de corrupção (IPC) de Portugal é dos mais elevados da União Europeia
e é, na maior parte dos países, inversamente proporcional ao Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). Perante esta evidência, de correlação negativa
entre corrupção e desenvolvimento humano, um eficaz combate à corrupção tem que
passar pela prevenção. A prevenção é o melhor combate. Temos que melhorar a educação,
a saúde, a redistribuição da riqueza e a justiça.
O índice de Gini que mede a
desigualdade na redistribuição do rendimento é em Portugal de 0.36, muito aquém
dos 0.25 dos países escandinavos, da Alemanha, da Holanda, da Áustria. Uma
melhoria na redistribuição do rendimento, eventualmente diminuiria a corrupção.
O elevado índice de Gini em Portugal, quando comparado com os países da Europa
setentrional, deve-se a disparidades salariais. O PIB na óptica do rendimento é
composto pelos salários, juros, rendas e lucros. Os salários são rendimentos do
trabalho e as rendas, juros e lucros são rendimentos do capital. Poderemos
dizer que os rendimentos do capital são trabalho acumulado, porque alguém
trabalhou, ganhou e poupou dinheiro que depois foi alocado a imóveis, empresas
e poupanças.
Em Portugal, os salários em termos brutos [incluindo os
impostos sobre os rendimentos do trabalho, o pagamento da segurança social e da
taxa social única paga pela empresa] correspondem a 50% do PIB, valor
semelhante aos países mais desenvolvidos da Europa. As rendas são tributadas a
21.5% [mas tem que se ter em conta o escalão do IRS de quem aufere esse
rendimento], os juros pagam um imposto de 21.5% e os lucros são tributados à
taxa de IRC de 25% e quando distribuídos na forma de dividendos são taxados a
21.5%, no total os dividendos pagam um imposto acumulado de 41.125%. A taxa
liberatória de 21.5% irá passar para 25% no próximo ano. Na Europa não existem
salários e pensões 6 vezes superiores para camadas de trabalhadores e
pensionistas que não diferem 6 vezes em termos de desempenho. Temos 1 milhão de
trabalhadores a ganharem o salário mínimo e 1 milhão de trabalhadores a
ganharem 3000 euros. Esta desigualdade é defendida por interesses corporativos.
A Holanda tem um excedente comercial de 8%. A Bélgica, a Áustria e a Eslováquia
de 0%. A Finlândia de 2%. Países que rodeiam a Alemanha e que representam quase
45% do PIB da zona euro têm excedente comercial. Os países periféricos (Itália,
Portugal, Espanha e Grécia) têm défices elevados. A França [-2,7%], o Reino
Unido [-6%] e os EUA [-4,5%] não são excepção.
A maior parte dos países desenvolvidos
têm dívidas públicas significativas. Por analogia fisiológica, elevados níveis
de LDL [lipoproteína de baixa
densidade, “mau colesterol”] que prejudicam o crescimento económico. A
Alemanha, com uma dívida pública de 80% não é excepção, mas tem um nível
elevado de HDL [lipoproteína de alta
densidade, “bom colesterol”] caracterizado pelo excedente comercial de 6% e a
Irlanda de 25%, que limpam e retiram o LDL
do sistema financeiro, criando condições para um crescimento económico saudável.
Os EUA, com um elevado défice comercial, têm uma proxy para o HDL, a
fidúcia na economia e na moeda dos EUA. Enquanto o USD for a moeda de
referência mundial, as commodites e
os negócios serão efectuados em USD (86% do comércio internacional).
8. O conflito entre
britânicos e europeus do continente. Os ilhéus e os uniunistas.
No mundo ocidental
está aberto um conflito entre dois sistemas financeiros: O anglo-saxónico, em
declínio desde 2008 com a crise do subprime,
caracterizado pela falha na regulação, investimentos de elevado risco e forte
especulação. Responsável pela actual crise financeira. Um novo sistema,
fortemente regulado e controlado de inspiração franco-alemã em emergência e que
tem como objectivo substituir o sistema anglo-saxónico.
Este conflito,
provavelmente, confunde-se com a própria crise do Euro e teve nesta cimeira o
seu ponto alto com a ruptura entre o Reino Unido e o eixo franco-alemão-23 Países
da UE. Curiosamente, no histórico discurso de Wiston Churchill, na Universidade
de Zurique, um ano depois da capitulação alemã (1946), o primeiro-ministro
inglês apelou à constituição dos “Estados Unidos da Europa” sob iniciativa do
eixo franco-alemão.
A City
londrina e os seus paraísos fiscais são responsáveis por uma verdadeira rede de
especulação à escala global, protegida pelo direito europeu, ao mesmo tempo que
dissimulam na sua actividade o endividamento da economia e da sociedade
britânicas. Dos cerca de 80 paraísos fiscais a nível mundial, cerca de
metade são ilhas, das quais uma grande parte são terras de sua majestade [o
chefe de Estado é a Rainha Isabel II]. Os bancos sediados em OffShores que hoje especulam
sobre a dívida dos estados soberanos, cujos ingleses são um dos rostos, que gozam de especiais privilégios na City e nos ilhéus. Mas, é preciso relembrar que muitos países, como
Portugal e a Grécia, têm dívidas públicas e privadas que não foram causadas
pela intervenção destes bancos, nem pela notação de crédito das
supramencionadas agências de rating [é
provável que o rating de AA atribuído
à dívida pública portuguesa não estivesse correcto, porque se percepcionava uma
União Europeia mais integrada do que ela é realmente hoje]. Portugal deve fazer
um acto de contrição, porque foram décadas de vivência acima da média, descontrolo
das contas públicas, desenfreado consumo e endividamento externo que levaram à
notação de BBB, na fronteira de junk
bonds, títulos especulativos, que perderam o estatuto de investimento e a
fuga dos investidores institucionais estáveis.
Pela bolsa Londres
passam a maior parte dos negócios financeiros na Europa. É líder na negociação
de obrigações europeias, de divisas [1/3 desse mercado passa pela City, uma soma superior às transacções dos
Estados Unidos e Japão juntos]. Por Londres passam capitais árabes. Está em
segundo lugar, depois de Wall Street, no movimento bolsista mundial (17%) e na
gestão de fundos (11% do montante global). Três mercados de derivados
importantes, a NYSE Liffe, o London Metal Exchange (líder nos metais não
ferrosos) e o ICE Futures Europe. A city
de Londres contribui com 10% do PIB britânico. Cerca de 50% das trocas
comerciais do Reino Unido são com a Zona Euro. A indústria representa apenas
20% e com um peso bastante significativo da indústria petrolífera. Tem défices gémeos. Um défice comercial de quase 7%. E um
défice orçamental de 10%. O sector dos serviços representa quase 80% do PIB,
com grande relevância para os serviços financeiros. A City de Londres espalha os seus tentáculos pelas maiores offshores [Belize, BVI, Jersey, Caimão
são dos maiores paraísos fiscais. As ilhas Caimão têm 1.7 biliões de USD em
depósitos, 3% do PIB mundial] do mundo. David Cameron lutou herculeamente pela
manutenção da sua indústria. Eis a justificação do Reino unido, na cimeira, ter
batido com a porta…
Paulo Monteiro Rosa, economista, 23 de Dezembro de
2011
Publicado na ATM / Analistas Mercados Capitais
http://www.associacaodeinvestidores.com/index.php/artigos-e-teses/63-artigos/195-a-cimeira-europeia-de-9-de-dezembro-conflito-entre-a-teoria-keynesiana-e-a-escola-austriaca