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terça-feira, 29 de abril de 2014

O "se" referente ao passado e o "se" respeitante ao futuro

Já todos os investidores, em algum momento, disseram: “se eu tivesse vendido (ou comprado)”…

À posteriori é fácil concluir que deveríamos ter vendido em vez de termos comprado, mas é inútil lamentarmo-nos por havermos perdido uma oportunidade que está à partida sempre condicionada pelo futuro.

No entanto, podemos tirar ilações e refletir sobre o que não correu bem e melhorar. No próximo investimento deveremos tentar obter mais informação, ser mais disciplinados, respeitar as stop-loss (limitar as perdas), delinear cabalmente uma estratégia e cumpri-la à risca. Quanto mais informação tivermos, mais elevada será a probabilidade de obtermos sucesso. A informação disponível deve ser alvo de um estudo minucioso, distinguindo “o trigo do joio”, escolhendo a informação relevante – muitas vezes, o excesso de informação causa confusão e ruído.
Só é útil pensar nos erros do passado para melhorar o método de investimento. É fundamental distinguir entre um erro de análise e um trade baseado num processo racional. Um negócio, ou uma qualquer atitude na nossa vida quotodiana, fundamentado num processo que cumpriu todas as premissas, mas que redundou numa perda, em fracasso, jamais poderemos apelidar de "erro", porque as variáveis em jogo são inúmeras e a aleatoriedade é elevada.

O pensamento do investidor deverá estar sempre focado no futuro. Perante a compra de um título ele colocará uma série de condicionalismos: se os resultados da empresa forem melhores que o esperado mantém a posição; se a cotação do título quebrar a linha de tendência ou se estiver a perder mais de X% deve ter uma stop-loss e fechar a posição; se o título continuar a subir não cortar os ganhos, só se estiver a perder volume na subida; etc.
Existem inúmeras circunstâncias que influenciam determinado acontecimento, pelo que a disciplina sobre os objectivos é fundamental na boa gestão e na obtenção de sucesso da carteira de títulos, no retorno do investimento ou na cobertura do risco de um activo financeiro. Uma bola de cristal para prever o futuro não existe…

Num empréstimo, para a cobertura de risco face a uma variação da taxa de juro temos à nossa disposição o Interested Rate Swap (IRS), na sua forma mais simples os plain vanilla, que serve para fixarmos a taxa de juro. Quem comprar um contrato Swap a 20 anos da taxa juro do euro, neste momento a cotar nos 2.71% (em maio deste ano cotava nos 2%), irá pagar esta taxa até 2033. Quem optar pelo indexante Euribor a 6 meses (0.34% neste momento), nos próximos 20 anos essa taxa variará de acordo com o mercado e terá 40 actualizações. De salientar que a taxa Euribor a 6 meses representa a fixação da taxa de juro durantes 6 meses...

Quem tem um contrato Swap como indexante de um empréstimo anulou o seu risco, no entanto quem tem uma Euribor está a especular. Qual será a evolução da taxa de juro nos próximos 20 anos? Não sabemos. Se a economia da Zona Euro tiver um crescimento débil as taxas de juro permanecerão baixas. Vamos delinear uma estratégia e geri-la. Comprar um contrato Swap a 20 anos a 2.71% e se por acaso a partir de 2015 até 2020 a taxa Euribor estiver acima dos 3% e em crescendo, estamos a ganhar dinheiro? Não há ganhos potenciais. Nós fixamos a taxa. E se nesse período a taxa Euribor se mantiver a 0.5%? Perdemos dinheiro? Não, porque nós fixamos a taxa. Mas se não tivéssemos fixado a taxa! Voltamos ao “se”. Se a compra do contrato Swap tiver sucesso foi uma boa opção, caso contrário será um erro? Não existe erro no futuro por uma decisão bem delineada no passado.

No Japão, desde 1995, a Libor do iene (JPY) a 6 meses nunca esteve acima de 1%, porém o contrato Swap da taxa de juro do JPY a 20 anos nunca foi inferior a 1%. No Japão quem especulou ganhou...

Paulo Monteiro Rosa, in "Vida económica", 26 de outubro de 2013

http://www.docstoc.com/docs/168945511/Advinhar%20o%20futuro.pdf

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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.