Já todos os investidores, em algum momento, disseram: “se eu tivesse vendido (ou comprado)”…
À posteriori é fácil concluir que deveríamos ter vendido em vez de
termos comprado, mas é inútil lamentarmo-nos por havermos perdido uma
oportunidade que está à partida sempre condicionada pelo futuro.
No entanto, podemos tirar ilações e refletir sobre o que não correu bem
e melhorar. No próximo investimento deveremos tentar obter mais
informação, ser mais disciplinados, respeitar as stop-loss (limitar as
perdas), delinear cabalmente uma estratégia e cumpri-la à risca. Quanto
mais informação tivermos, mais elevada será a probabilidade de obtermos
sucesso. A informação disponível deve ser alvo de um estudo minucioso,
distinguindo “o trigo do joio”, escolhendo a informação relevante –
muitas vezes, o excesso de informação causa confusão e ruído.
Só é útil pensar nos erros do passado para melhorar o método de investimento. É fundamental distinguir entre um erro de análise e um trade baseado num processo racional. Um negócio, ou uma qualquer atitude na nossa vida quotodiana, fundamentado num processo que cumpriu todas as premissas, mas que redundou numa perda, em fracasso, jamais poderemos apelidar de "erro", porque as variáveis em jogo são inúmeras e a aleatoriedade é elevada.
O pensamento do investidor deverá estar
sempre focado no futuro. Perante a compra de um título ele colocará uma
série de condicionalismos: se os resultados da empresa forem melhores
que o esperado mantém a posição; se a cotação do título quebrar a linha
de tendência ou se estiver a perder mais de X% deve ter uma stop-loss e
fechar a posição; se o título continuar a subir não cortar os ganhos, só
se estiver a perder volume na subida; etc.
Existem inúmeras
circunstâncias que influenciam determinado acontecimento, pelo que a
disciplina sobre os objectivos é fundamental na boa gestão e na obtenção
de sucesso da carteira de títulos, no retorno do investimento ou na
cobertura do risco de um activo financeiro. Uma bola de cristal para
prever o futuro não existe…
Num empréstimo, para a cobertura de
risco face a uma variação da taxa de juro temos à nossa disposição o
Interested Rate Swap (IRS), na sua forma mais simples os plain vanilla,
que serve para fixarmos a taxa de juro. Quem comprar um contrato Swap a 20 anos
da taxa juro do euro, neste momento a cotar nos 2.71% (em maio deste ano
cotava nos 2%), irá pagar esta taxa até 2033. Quem optar pelo indexante
Euribor a 6 meses (0.34% neste momento), nos próximos 20 anos essa taxa
variará de acordo com o mercado e terá 40 actualizações. De salientar que a taxa Euribor a 6 meses representa a fixação da taxa de juro durantes 6 meses...
Quem
tem um contrato Swap como indexante de um empréstimo anulou o seu risco, no
entanto quem tem uma Euribor está a especular. Qual será a evolução da
taxa de juro nos próximos 20 anos? Não sabemos. Se a economia da Zona
Euro tiver um crescimento débil as taxas de juro permanecerão baixas.
Vamos delinear uma estratégia e geri-la. Comprar um contrato Swap a 20 anos a
2.71% e se por acaso a partir de 2015 até 2020 a taxa Euribor estiver
acima dos 3% e em crescendo, estamos a ganhar dinheiro? Não há ganhos
potenciais. Nós fixamos a taxa. E se nesse período a taxa Euribor se
mantiver a 0.5%? Perdemos dinheiro? Não, porque nós fixamos a taxa. Mas
se não tivéssemos fixado a taxa! Voltamos ao “se”. Se a compra do contrato Swap tiver sucesso foi uma boa opção, caso contrário será um erro? Não
existe erro no futuro por uma decisão bem delineada no passado.
No
Japão, desde 1995, a Libor do iene (JPY) a 6 meses nunca esteve acima de
1%, porém o contrato Swap da taxa de juro do JPY a 20 anos nunca foi inferior a
1%. No Japão quem especulou ganhou...
Paulo Monteiro Rosa, in "Vida económica", 26 de outubro de 2013
http://www.docstoc.com/docs/168945511/Advinhar%20o%20futuro.pdf
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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