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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Uma “Saída Limpa” ou um “Progama Cautelar”?


Uma “Saída Limpa”, sem qualquer “rede”, sem qualquer apoio, transmite ao mercado mais confiança e, logo, maior predisposição para aquisição de dívida pública portuguesa. Significa que Portugal se consegue financiar, sem qualquer ajuda externa, nos mercados financeiros internacionais. Traduz robustez das contas públicas, caso contrário os investidores não comprariam dívida pública nacional. Logo, será cristalizado no mercado, provavelmente, com uma descida das yields (rentabilidades) das Obrigações do Tesouro (OT).
No entanto, este fenómeno poderá ser observado apenas nos primeiros meses do “pós-troika” porque existe sempre a tentação do governo encetar políticas despesistas ou das oposições reclamarem políticas expansionistas da despesa. Se se verificarem políticas orçamentais de crescimento da despesa púbica, espelhadas em défices orçamentais acima do esperado e do definido com a União Europeia, as yields das OT portuguesas voltarão a subir…

Um “Programa Cautelar” pode ser resumido a duas ideias base: a) A existência de um apoio externo é interpretado pelo mercado como uma “rede de protecção”; b) Um compromisso, de rigor das contas públicas, firmado com as instituições internacionais é um entrave a qualquer tentação despesista por parte do governo e da oposição.
Estas ideias, à partida, são vantajosas porque transmitem credibilidade ao mercado e podem conduzir à contínua tendência de queda das taxas de juro da dívida portuguesa.
Porém, nos primeiros meses, a existência de uma proteção pode ser percepcionada pelos investidores como um processo inacabado na consolidação das contas portuguesas e que ainda existe um longo caminho a percorrer. Esta interpretação poderá penalizar as yields das OT nacionais.
No entanto, com o passar do tempo, e devido à consolidação orçamental imposta pelo “Programa Cautelar”, as contas públicas irão equilibrar-se e chegaremos a excedentes orçamentais primários significativos de que Portugal tanto precisa, e consequentemente as yields das OT portuguesas prosseguirão na sua trajetória de queda.

Em suma, quer seja “Saída Limpa” ou “Programa Cautelar”, a consolidação das contas públicas deverá continuar. Os ajustamentos, com vista à obtenção de excedentes orçamentais, não deverão ser interrompidos… sob pena de colocarmos em causa todo o esforço do país.

Paulo Monteiro Rosa, economista, 30 de abril 2014

Publicado na FUNDS PEOPLE.

http://www.fundspeople.pt/pessoas/paulo-monteiro-rosa-53196/blog/uma-saida-limpa-ou-um-progama-cautelar-31779

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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.