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sexta-feira, 22 de julho de 2016

A FEBRE DO POKÉMON GO

E quando menos se espera, eis que surge uma novidade que se espalha à velocidade da luz. É fácil perguntar: porque não criei este jogo milionário que estava mesmo à frente dos meus olhos? A Google já tinha, em 2014, criado o embrião deste jogo mas abandonou o projeto. Quem viu no jogo criado pela Google um potencial enorme foi a Niantic, empresa que o desenvolveu em parceria com a nipónica Nintendo. A Nintendo estava parada no tempo com jogos de há 10 ou 20 anos, que mantinham os jogadores isolados num mundial exclusivamente virtual. O novo jogo tem apenas algumas semanas. No final de 2007, a Nintendo cotava à volta de 70.000 ienes, no final de junho passado estava no mínimo de um ano e meio, a valores do início de março de 2015, nos 13.000 ienes. A 19 de julho atingiu um máximo de 32.700 ienes. De 7 a 19 de julho subiu cerca de 130%. O potencial está esgotado? Muito provavelmente não. Há analistas que estimam uma receita de 10.000 euros a cada minuto que passa. A capitalização bolsista da Nintendo já iguala a da Sony nos 4 biliões de ienes, ou seja, 35 mil milhões de euros. Em 2015, as receitas da Sony foram 16 vezes superiores às da Nintendo. A cotação pode ter ainda muito para subir: são poucos os países que podem jogar Pokémon Go. A 17 de julho o jogo estava em 26 países, apesar de nalguns a aplicação ainda não estar disponível para os sistemas operativos IOS e Android, e apenas através de links duvidosos.

Quem lucra com esta nova corrida ao ouro? A Nintendo em termos financeiros e quem joga, que acaba por desfrutar de uma boa dose de adrenalina. Um jogo dos 7 aos 77 anos, que concilia a excitação de um jogo virtual com o exercício físico, o conhecimento de uma cidade em termos históricos, gastronómicos, culturais… Um jogo bastante interativo socialmente e, dentro da sua realidade virtual, bastante real! Já havia jogos parecidos, como o "Game of Thrones", mas não com a interatividade do Pokémon Go. Tira as pessoas do computador, de casa, mas os perigos são muitos como os assaltos, atropelamentos ou quedas.

Chegou a Portugal a 15 de julho. Países com grande potencial, devido à dimensão demográfica e à apetência por jogos, como o Brasil, Japão e China, continuam à espera do jogo. Na China o jogo poderá nunca estar disponível se as autoridades acharem que ameaça a segurança do país. O jogo utiliza o GPS e zonas militares ou mais sensíveis podem ficar vulneráveis. A 1 de julho foi publicada uma lei que exige uma pré-aprovação governamental para o lançamento de novos jogos para telemóveis. Em 2013, quando a Coca-Cola fez uso do GPS para a localização dos seus pontos de serviços, foi acusada de violar a lei. O jogo utiliza a internet e os pacotes de dados já dispararam, pelo que as receitas e as cotações em bolsa das operadoras de telecomunicações deverão melhorar o desempenho.

As versões de boa parte dos smartphones são incompatíveis com as definições do Pokémon Go, que requer telemóveis atuais e com mais capacidade. Há já uma corrida a telemóveis novos o que beneficia as receitas das vendedoras de smartphones como Apple, Samsung, LG, Sony, Nokia, Xiaomi, Huawei, HTC, entre outras. Há um impulso na economia, ainda que pequeno.

A dinâmica da inovação, que é o principal fermento para o crescimento económico, não para. Como referia o economista francês Jean-Baptiste Say, a oferta cria a sua própria procura. Tal como os "tablets" e os "smartphones há 10 anos criaram necessidades desconhecidas até então. Tal como a televisão há 70 anos ou a rádio, o automóvel… podemos recuar até ao fogo e à roda há dez mil anos.

Paulo Rosa, In Vida Económica, escrito a 20 de julho e publicado a 22.




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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.