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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

O futuro não é óbvio



O futuro não é óbvio pelo que procurar avaliar e perceber a tendência dos mercados financeiros é uma tarefa bastante difícil. Os mercados costumam antecipar as recessões ou a detioração dos resultados de uma empresa. Se o que estamos a tentar prever, a queda dos mercados, reage antes de tudo, com é que encontramos alguma variável que se adiante aos mercados?

Segundo a Morgan Stanley, existem três variáveis macroeconómicas bastante significativas e fidedignas para tentar prever os retornos futuros. A primeira variável é o ISM industrial (Índice dos Gestores de Compras no setor industrial). Como o ISM (Institute for Supply Management), existe desde 1948, ele fornece uma medida consistente a longo prazo da saúde industrial dos EUA e muitos dados para ajudar a avaliar implicações futuras. O ISM industrial dos EUA é neste momento preocupante, caiu acentuadamente este ano, e no início do mês de outubro atingiu o valor mais baixo dos últimos 10 anos, bastante abaixo das expetativas, nos 47.8 pontos. Um ISM abaixo de 50 indicia recessão económica.

Os resultados empresariais referentes ao 3º trimestre do ano, que começarão a ser divulgados na próxima semana, mostrarão se as empresas continuam robustas ou se estarão a perder fulgor. Uma média móvel de seis meses do ISM reduz a imprecisão do dado e fornece um sinal mais confiável. Com as recentes quedas, a média móvel de seis meses está a cair sistematicamente e com uma leitura que historicamente significa um ambiente menos favorável para o mercado acionista. Mesmo uma leitura do ISM acima do esperado no próximo mês de novembro, pode não mudar o sinal negativo que vem transmitindo há meses…

O segundo indicador é o Índice de Confiança do Consumidor dos EUA, que, tal como o ISM, é único como uma série de dados consistente e com uma história muito longa (datada de 1967). Atualmente, está próximo dos níveis mais altos desde 2000, o que é frequentemente citado como um motivo para estar positivo no mercado, e mostra força do consumidor. Mas, segundo a história, os mercados atingem o pico quando o otimismo regista o pico, e o otimismo do mercado e do consumidor coincidem muitas vezes, e pelo que frequentemente atingem o pico juntos. A confiança do consumidor nos EUA alcançou o topo em 1988, 2000 e 2007…

A terceira variável são os pedidos de subsídio de desemprego. Esse número reflete a saúde do mercado de trabalho, mas tende a se movimentar mais cedo do que a taxa oficial de desemprego, tornando-o um indicador potencialmente mais útil para as bolsas de valores que estão a tentar antecipar o futuro. Até ao momento, este dado permanece baixo, sinalizando força da economia norte-americana. Assim, os três conjuntos de dados começam a sugerir uma realidade menos evidente e pode sinalizar que uma alteração pode estar a decorrer, como o já muito proclamado final de um ciclo iniciado em 2009, que pode demorar o espaço de um a dois trimestres para ser visível.

Paulo Monteiro Rosa, Vida Económica, 11 de outubro 2019








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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.