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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Incumprimentos no crédito ao consumo


Por regra, e segundo muitos economistas, o consumo nos EUA é responsável por cerca de dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano. Porém, os gastos do consumidor em supermercados, retalho, bares e restaurantes diminuíram. Alimentados por gastos recorde com cartão de crédito, os norte-americanos estão a chegar ao ponto de alavancagem máxima, o que poderá indiciar que os bons tempos estão a esmorecer.

O discurso da administração dos EUA, de que estamos na presença "da maior economia de todos os tempos", poderá continuar a dar fôlego à confiança dos consumidores - as vendas a retalho, 2º dado macroeconómico norte-americano mais importante ainda se mantêm resilientes - e estimular por mais algum tempo o recurso ao cartão de crédito para alimentar o consumo.

O otimismo “artificial” tem contribuído para que os consumidores acumulassem mais dívidas do que 2008, e é um problema que poderá, a qualquer momento, penalizar a economia. Um putativo arrefecimento, precedido por uma quebra das cotações das ações pode ser um primeiro passo para que a bolha do consumo com cartão de crédito impluda e espolete uma recessão da economia norte-americana, com repercussões negativas no comportamento das principais economias mundiais.

Os índices de incumprimento do crédito ao consumidor mostram que, no mês de agosto, quase todas as taxas subiram para máximos do ano, no mês de agosto. O relatório da Experian, empresa de dados e estatística, refere que Chicago e Dallas foram algumas das principais áreas metropolitanas que apresentam aumentos mensais nas taxas de incumprimento de julho a agosto. Cada um subiu 10 pontos base para 1,05% e 0,93%, respetivamente. Nova York subiu 5 pontos base para 0,94%, enquanto a taxa para Los Angeles subiu 3 para 0,77%. O Experian divide as taxas de incumprimento do consumidor em quatro categorias principais de empréstimos: automóvel, cartão de crédito, primeira garantia hipotecária e segunda garantia hipotecária.

O banco de dados da Experian inclui bancos e empresas hipotecárias líderes no montante total de 11 biliões de dólares, cerca de 60% do PIB norte-americano, em empréstimos pendentes provenientes de 11.500 credores. Após a Segunda Guerra Mundial, a economia americana sofreu 12 recessões, uma a cada 6 anos, em média. Uma década após a crise financeira, a economia entrou na quarta recessão de miniciclo no final de 2018, observada na queda nas taxas de crescimento da inflação, da indústria e do emprego. Por isso, a Reserva Federal provavelmente falhou pelo menos em 10 meses (ciclo de corte iniciado em julho) para começar uma nova política monetária expansionista, através do corte de taxas de juro - é o chamado erro de política monetária, que poderá resultar em recessão nos próximos anos.

A confiança do consumidor permanece próxima dos máximos das duas últimas décadas, o desemprego está no nível mais baixo dos últimos 50 anos. O céu não é o limite! O consumidor deve começar a preparar-se para a próxima crise por mais distante que lhe pareça…

Paulo Monteiro Rosa, Vida Económica, 4 de outubro 2019






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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.