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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O Quantitative Easing europeu


O programa de compra de ativos por parte da dos bancos centrais, apelidado de "Quantitative Easing" (QE), foi utilizado, e bem-sucedido, nos EUA e no Reino Unido, há vários anos, com estes países a apresentarem uma dinâmica económica mais favorável que a Zona Euro e que o Japão. Só agora o Banco Central Europeu decidiu seguir a mesma receita.

O QE nipónico teve início em abril de 2013, praticamente quando a Reserva Federal norte-americana começou a diminuir gradual o seu programa de compra de ativos (o "tapering"), e não teve sucesso quanto ao crescimento económico.

Os resultados na Zona Euro não serão muito diferentes dos obtidos pelo Japão, pelo menos no que concerne à evolução dos preços, que foi ao encontro do pretendido, e ao crescimento económico, que quase não reagiu.

A economia japonesa tem algumas semelhanças com da Zona Euro, nomeadamente no que respeita à pirâmide demográfica invertida, ou seja, envelhecimento da população. No entanto, a população da Zona Euro é mais propensa ao consumo que os japoneses, o que poderá resultar num desempenho mais positivo do QE do BCE.

No entanto, este programa de compra de ativos do BCE pode ficar-se pelos mercados financeiros e não chegar à economia real. Os bancos comerciais já têm um relativo acesso facilitado aos mercados. Dinheiro não lhes falta. A taxa de juro de referência do BCE é de 0.05%. Se os bancos não emprestam é porque, muito provavelmente, têm receio de financiar uma economia que continua débil. Os bancos centrais controlam a base monetária e não a massa monetária. Os bancos centrais não emprestam directamente à economia. Esse trabalho cabe aos bancos comerciais e aos agentes económicos, responsáveis pela oferta de crédito, e às famílias e empresas, responsáveis pela procura.

No Japão, esta medida tinha como objetivo restabelecer o crescimento económico e criar inflação. Só o segundo objetivo foi conseguido, com o índice de preços no consumidor (o core, que exclui alimentação e energia) a subir para a casa dos 2%, quando registava estagnação, e mesmo deflação de preços, há décadas.

Durante o processo, o iene japonês (JPY), que se vinha valorizando em relação ao dólar dos EUA, desvalorizou cerca de 30% e o principal índice do Japão, o Nikkey 225, duplicou, dos 9000 para 18000 pontos.

Poderá acontecer o mesmo na Zona Euro? O Niikkei 225 havia desvalorizado cerca de 50%, desde 2008 até 2013. O Dax de Frankfurt, o principal benchmark das bolsas europeias, neste momento encontra-se em máximos históricos. No que respeita à moeda, o euro já desvalorizou mais de 15% nos últimos 6 meses, logo a continuação da depreciação poderá menos acentuada.

Paulo Rosa, In Vida Económica, 30 de janeiro de 2015









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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.