É muito possível, para alguns
analistas, que já nesta sexta-feira, a Standard & Poor's (S&P) suba o
rating da dívida portuguesa de longo prazo num nível, de BB para BB+.
Se tal acontecer, a dívida pública portuguesa fica a apenas um degrau de voltar a ser um ativo financeiro elegível para investimento (o chamado "investment grade"), abandonando a classificação de Investimento especulativo (ou "high yield") a que foi relegada em janeiro de 2012. Há mais de 3 anos, desde janeiro de 2012, que a S&P considera a dívida portuguesa "lixo". A agência Fitch deve reavaliar o rating de crédito da República Portuguesa na semana seguinte, a 27 de março, encontrando-se, neste momento, a apenas um patamar do "limiar de investimento". Se se confirmar o upgrade, a dívida portuguesa abandona a categoria de "junk" (lixo).
Espera-se que nos próximos tempos, mesmo com alguma incerteza que as eleições no próximo outono possam trazer, as três principais casas de avaliação de crédito a nível mundial - a Standard&Poor's, a Fitch e a Moody´s - retirem a notação de crédito da dívida soberana portuguesa do nível de "Investimento especulativo" e voltem a colocar outra vez Portugal no mapa dos investimentos elegíveis.
As yields da dívida pública portuguesa estão em mínimos de sempre, perto de 1.5%, e muito abaixo dos 3.8%, níveis de antes da crise financeira de 2008. Só por isto, seria normal que o rating já tivesse melhorado há muito pelas várias agências, nomeadamente a S&P.
No entanto não se pode fechar os olhos ao nível da dívida pública portuguesa de 130% do PIB, nem às compras massivas, em mercado secundário, de dívida pública por parte do Banco Central Europeu (BCE), através dos LTRO (Long Term Refinancing Operations; operações de cedência de liquidez de longo prazo), quer pelo atual Quantitative Easing (QE), desde 9 de março. A gradual melhoria e os consecutivos cumprimentos das metas dos défices orçamentais das contas portuguesas deverão ter um peso significativo na provável subida da classificação de crédito para a dívida pública.
As contas públicas da Grécia estão muito aquém do comportamento alcançado pelas contas portuguesas, caso contrário a rentabilidade (yield) exigida à dívida pública grega não permaneceria em valores especulativos que rondam neste momento quase 11%. A S&P desceu o rating da dívida grega de longo prazo de "B" para "B-" no passado 6 de fevereiro e manteve a perspetiva negativa. Em junho de 2011 e maio de 2012 a Grécia teve um rating de "CCC" (nível de "default") devido ao perdão de parte da dívida. A situação económico-financeira e política, na Grécia, irá continuar a influenciar o comportamento da Zona Euro e poderá ser um entrave à evolução positiva do programa de recompra de títulos de dívida pública por parte do BCE, com impactos mais visíveis em países mais vulneráveis como Portugal.
Infelizmente, o nosso país continuará a ser um dos elos mais fracos da Zona Euro…
Paulo Rosa, In Vida Económica, 20 de março de 2015
Se tal acontecer, a dívida pública portuguesa fica a apenas um degrau de voltar a ser um ativo financeiro elegível para investimento (o chamado "investment grade"), abandonando a classificação de Investimento especulativo (ou "high yield") a que foi relegada em janeiro de 2012. Há mais de 3 anos, desde janeiro de 2012, que a S&P considera a dívida portuguesa "lixo". A agência Fitch deve reavaliar o rating de crédito da República Portuguesa na semana seguinte, a 27 de março, encontrando-se, neste momento, a apenas um patamar do "limiar de investimento". Se se confirmar o upgrade, a dívida portuguesa abandona a categoria de "junk" (lixo).
Espera-se que nos próximos tempos, mesmo com alguma incerteza que as eleições no próximo outono possam trazer, as três principais casas de avaliação de crédito a nível mundial - a Standard&Poor's, a Fitch e a Moody´s - retirem a notação de crédito da dívida soberana portuguesa do nível de "Investimento especulativo" e voltem a colocar outra vez Portugal no mapa dos investimentos elegíveis.
As yields da dívida pública portuguesa estão em mínimos de sempre, perto de 1.5%, e muito abaixo dos 3.8%, níveis de antes da crise financeira de 2008. Só por isto, seria normal que o rating já tivesse melhorado há muito pelas várias agências, nomeadamente a S&P.
No entanto não se pode fechar os olhos ao nível da dívida pública portuguesa de 130% do PIB, nem às compras massivas, em mercado secundário, de dívida pública por parte do Banco Central Europeu (BCE), através dos LTRO (Long Term Refinancing Operations; operações de cedência de liquidez de longo prazo), quer pelo atual Quantitative Easing (QE), desde 9 de março. A gradual melhoria e os consecutivos cumprimentos das metas dos défices orçamentais das contas portuguesas deverão ter um peso significativo na provável subida da classificação de crédito para a dívida pública.
As contas públicas da Grécia estão muito aquém do comportamento alcançado pelas contas portuguesas, caso contrário a rentabilidade (yield) exigida à dívida pública grega não permaneceria em valores especulativos que rondam neste momento quase 11%. A S&P desceu o rating da dívida grega de longo prazo de "B" para "B-" no passado 6 de fevereiro e manteve a perspetiva negativa. Em junho de 2011 e maio de 2012 a Grécia teve um rating de "CCC" (nível de "default") devido ao perdão de parte da dívida. A situação económico-financeira e política, na Grécia, irá continuar a influenciar o comportamento da Zona Euro e poderá ser um entrave à evolução positiva do programa de recompra de títulos de dívida pública por parte do BCE, com impactos mais visíveis em países mais vulneráveis como Portugal.
Infelizmente, o nosso país continuará a ser um dos elos mais fracos da Zona Euro…
Paulo Rosa, In Vida Económica, 20 de março de 2015
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