No dia 30 de janeiro realizar-se-á a primeira reunião da Reserva Federal
norte-americana deste ano, e o mercado aguarda as palavras de Jerome Powell,
que serão fundamentais para orientar e ajustar as expetativas dos investidores
quanto à evolução da política monetária para o ano de 2019 se um regresso às
compras ou uma continuação das vendas de ativos financeiros como as ações.
Apesar da contínua apresentação de bons resultados relativos ao mercado de
trabalho norte-americano, muitos investidores e analistas começam a acreditar
que não haja mais subidas de taxas de juro este ano e poderá mesmo acontecer
uma descida na última reunião do ano ou na primeira de 2020.
As taxas de juro de longo prazo estão neste momento em valores relativamente
baixos e perto das taxas de juro de curto prazo, indiciando abrandamento ou
estagnação económica, manutenção ou redução das taxas de juros e abrandamento
do ritmo da inflação de preços no consumidor.
No início do ano, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos EUA, numa
entrevista onde também participava Ben Bernanke e Yanet Yellen,
"afrouxou" bastante no seu discurso, dando a entender que as próximas
subidas de taxas vão ser mais comedidas. Logo de seguida, os futuros da Bolsa
de Chicago relativos às probabilidades de alterações de taxas de juros por
parte da FED indiciavam que não iria existir mexidas de taxas este ano. E pode
mesmo haver descida daqui por um ano...
Para o final de 2019, e segundo os futuros das probabilidades de alterações de
taxas de juros da FED, na última reunião da Reserva Federal a 11 de dezembro,
os investidores apostam, com uma probabilidade de cerca de 70%, numa manutenção
das taxas de juro nos atuais patamares de 2,5%.
Os investidores crêem mesmo mais numa descida de taxas do que numa subida.
Conferem uma maior perspetiva de redução em 25 pontos base de 2,5% para 2,25%,
com uma probabilidade de cerca de 24%, e numa subida dos atuais níveis para os
2,75%, ou sejam 25 pontos base, a probabilidade é de apenas 6%. Powell referiu
que a Fed "será paciente" com a política monetária enquanto observa o
desempenho da economia norte-americana.
Segundo o presidente da FED, "não há um caminho predefinido" para
aumentar as taxas ou ajustar o balanço. Também referiu que a economia dos EUA
está robusta e acredita que o mercado, de acordo com as fortes quedas dos
últimos meses, nomeadamente em Dezembro, está a percecionar os "riscos
negativos" que ainda não são visíveis na economia dos EUA. No entanto, a
FED está muito atenta ao mercado e não descura os seus movimentos. Mas, de
acordo com os principais indicadores macroeconómicos, existe, atualmente, risco
de recessão?
Quanto à "yield curve" (curva de rendimentos) e tendo em conta o
diferencial das rentabilidades a 2 anos e a 10 anos das obrigações do tesouro
norte-americano, que é superior a 10 pontos bases então não há sinal de
recessão. Também a confiança do consumidor não indicia recessão, porque está
perto dos máximos. Os dados do emprego relativos aos pedidos semanais de
subsídio de desemprego têm subido, no entanto menos que nas recessoes
anteriores. O principal indicador de atividade, o ISM, apesar da descida,
continua acima dos 50 pontos que sinalizam uma expansão de uma recessão. O
rácio dos stocks em relação às vendas, apesar de elevado, tem descido e está
bastante aquém dos valores de 2016, logo não indicia recessão. As encomendas de
bens duradouros continuam relativamente estáveis. As licenças para a construção
de casas têm subido ligeiramente e continuam a mostrar força da economia e
longe de um sinal de recessão. A cotação do cobre caiu 20% em 2018, bem como de
outras mercadorias, e podem indiciar um motivo preocupante de recessão. O petróleo
perdeu quase 40% desde outubro
PAULO ROSA, Vida Económica, 18 janeiro 2019
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
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