As últimas semanas têm sido profícuas em dados macroeconómicos bastante
interessantes: A) Itália entra em recessão, enquanto os mercados recuperam. B)
Há 100 meses consecutivos que existe criação de emprego mensal nos EUA, desde
2010. C) O Chicago PMI, um dos principais indicadores de atividade
norte-americano, encontra-se no valor mais baixo dos últimos 2 anos. D) A venda
de casas novas nos EUA aumentou 16,9% em novembro, a subida mais elevada desde
janeiro de 1992. E) Devido ao "shutdown" norte-americano, os pedidos
de emprego semanais foram os mais elevados desde setembro de 2017.
A época de resultados, relativa ao quarto trimestre do ano passado, está a sair
de acordo com as expectativas. Essa é a boa notícia.
A má notícia é que, embora as empresas ainda apresentem lucros geralmente
fortes, redundaram numa abundância de "profit warnings" (alertas de
lucros e previsões negativas) nas últimas semanas. A Apple emitiu há um mês o
seu primeiro "profit warning" desde 2001. A festa do lucro terminou?
Os analistas, nas suas previsões, apresentam a maior queda em 3 anos no
crescimento do lucro do primeiro trimestre.
Como resultado, durante janeiro, os analistas reduziram as estimativas de lucro
para as empresas do índice acionista norte-americano S&P 500 no primeiro
trimestre, e a estimativa de lucro por ação de primeiro trimestre caiu 4,1%.
A 30 de setembro, a taxa de crescimento dos lucros estimados pelos analistas
para o primeiro trimestre de 2019 era de 6,7%. Em 31 de dezembro, a taxa
estimada de crescimento dos lucros para esse mesmo primeiro trimestre de 2019
era de apenas 3,3%. Prevêem que seis dos onze setores do S&P500 tenham uma
queda nos lucros no primeiro trimestre, curiosamente liderados pelo setor
tecnológico (-8,9%), que até recentemente era o setor que mais crescia há anos.
E, como mencionado acima, se o índice reportar uma queda real nos lucros do
primeiro trimestre, ele marcará o primeiro declínio nos rendimentos ano após
ano, desde o segundo trimestre de 2016 (-3,1%).
Para além da queda no crescimento dos lucros no primeiro trimestre de 2019, os
analistas esperam, na melhor das hipóteses, um crescimento de apenas um dígito
nos lucros no segundo trimestre de 2019 e no terceiro trimestre de 2019.
Segundo a empresa de dados financeiros, FacSet, para o primeiro trimestre de
2019, os analistas projetam queda nos lucros (-0,8%) e crescimento de receita
5,7%.
Para o segundo trimestre de 2019, os analistas projetam crescimento de lucro de
1,6% e crescimento de receita de 5,1%.
Para o terceiro trimestre de 2019, os analistas estão a projetar um crescimento
de 2,7% nos lucros e um aumento de receita de 4,9%. Para o quatro trimestre de
2019, os analistas projetam um crescimento de 9,9% nos lucros e crescimento de
receita de 6,0%.
A propósito, o crescimento de 5,6% do lucro por ação ("earning per
share" - EPS) para o ano de 2019 já representa um corte 30% para o
crescimento de 7,8% do EPS que era esperado em 31 de dezembro, há apenas um
mês...
Mas as autoridades monetárias preparam-se para socorrer os mercados de
capitais, acionista e obrigacionista. Os bancos centrais preparam-se para
voltar a suportaios mercados financeiros através de políticas monetárias
acomodatícias, expansionistas, flexíveis que estão espelhadas nos últimos
discursos pacificadores ("Dovish") dos banqueiros centrais da Reserva
Federal norte-americana e do Banco Central Europeu. PAULO ROSA
Economista/sénior trader do Banco
Carregosa, 8 fevereiro 2019
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
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