As acções europeias caíram pelo quarto dia consecutivo devido aos receios quanto a um abrandamento da economia global, depois do presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que pode levar mais um ano para que um acordo comercial seja firmado com a China. Em suma, poderemos afirmar que foi mais um movimento marcadamente de mais valia, profit taking, depois dos máximos consecutivos alcançados pelos mercados acionistas norte-americanos e dos máximos dos últimos anos do principal índice alemão DAX30.
Os mercados dos EUA seguiram a tendência de desvalorização, perante as renovadas preocupações comerciais e de crescimento económico. Donald Trump referiu que iria impor tarifas sobre aço e alumínio importados do Brasil e da Argentina, perante a desvalorização das suas divisas, e os dados mais fracos da produção industrial norte-americana. Ainda no que respeita ao protecionismo comercial, os EUA propuseram tarifas de cerca 2,4 mil milhões de euros sobre produtos franceses, reagindo a um imposto sobre a receita digital que atinge empresas como Google, Apple, Facebook e Amazon.
A Moodys, casa de classificação de crédito, reviu em baixa a perspetiva para os Bancos do Reino Unido de estável para negativa, citando que operam numa envolvente cada vez mais enfraquecida. A economia britânica, e de acordo com o comportamento da atividade no setor de serviços, poderá estar a caminhar para uma recessão. O dado divulgado foi o mais fraco desde março, à medida que novos postos de trabalhos escasseiam neste setor. A agudizar este cenário, paira sob o Reino Unido sob uma nuvem de incerteza política no que concerne ao Brexit e estando à porta as eleições antecipadas para o executivo, que se realizam no próximo dia 12 de dezembro.
O Banco Central da Austrália manteve as taxas de juro inalteradas, mas, caso necessário, está preparado para baixar as taxas e incrementar a política monetária expansionista, espelhando que este tipo de política monetária é global e a "japonização" da economia já não se confina apenas à Europa.
Os títulos do tesouro português, a meio da semana, subiram e superaram o desempenho dos seus pares periféricos, com o mercado a antecipar as compras do BCE, para este mês quanto ao Quantitave Easing (QE), segundo um trader de Londres. O comportamento positivo das obrigações foi também pautado pelo cariz de refugio face às perdas verificadas nos mercados acionistas no início da semana.
AÇÕES EMPRESAS
A UBS reviu a sua recomendação em alta para a NOS SGPS de neutral para compra, enquanto que a casa financeira New Street Research, através do analista Russell Waller, cortou a recomendação da operadora de telecomunicações nacional NOS, de comprar para neutral. A Wellington reforça para mais de 2% dos CTT e a Blackrock Inv Management UK aumentou para 1 % a sua posição vendedora nos CTT. A Connor Clark Lunn Inv Reduziu a posição curta nos CTT para 1,38%. O lucro da Oi, participada da Pharol, caiu 8,8% para mil milhões de euros no terceiro trimestre. A Lansdowne UK reduziu a posição vendedora no BCP para 0,87%.
EMPRESAS EUROPA
Ahold Delhaize anunciou a compra de acções próprias, num montante de mil milhões de euros, a partir do início do ano de 2020. A empresa francesa de telecomunicações Orange revelou a meta de crescimento médio do EBITDA de 2% a 3% para 2021 - -2023. Irá vender 1.500 sites em Espanha à Cellnex Telecom SA por 280 milhões de euros. Irá procurar parceiros para implantação de fibra na França e noutras geografias. O presidente da Nokia, Risto Siilasmaa, irá renunciar ao cargo. Uni- Credit divulga plano de recomprade acções no montante total dois mil milhões de euros e um corte de oito mil postos de trabalho.
MERCADORIAS PALÁDIO
Novos máximos históricos para o paládio nos 1869 dólares por onça troy.
O paládio valorizou oito sessões consecutivas, o ganho mais longo desde setembro de 2018, alimentado pelos dados otimistas das fábricas chinesas e preocupações quanto ao seu fornecimento. O paládio, dos principais metais e com crescente procura pela industria automóvel, foi o que teve melhor desempenho desde o início do ano, acumulando um ganho de 47%. As cotações estão a beneficiar uma combinação de consumidores físicos e especuladores, segundo Ole Hansen, chefe de estratégia de commodities do Saxo Bank.
Paulo Monteiro Rosa, Jornal Económico, 6 de dezembro 2019
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