Since December 25th, 2010

Translate

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

APPLE, VÍTIMA DO CORONAVÍRUS, SOBREVIVERÁ!

A Apple, em apenas 19 dias, desde a apresentação de resultados no passado dia 28 de janeiro, cortou as suas previsões de lucro para o 1º trimestre, devido ao efeito do coronavírus. Este é um dos primeiros alertas de que a epidemia está a impactar as empresas a nível global.

Já no ano passado, a Apple tinha ajustado em baixa os seus resultados, devido à redução da procura do iPhone na China, em parte uma consequência da guerra comercial entre os EUA e a China. A Apple reviu em baixa as suas perspetivas de vendas na China, o país que tem sido um dos principais motores do crescimento e do sucesso da empresa. Uma guerra comercial com os EUA e agora o surto do coronavírus coloca em causa o papel da China como parceiro confiável do mercado e da cadeia de produção e de fornecimentos para um dos maiores fabricantes de smartphones do mundo.

Surgem os primeiros impactos do coronavírus na economia. A Apple prevê repercussões ao nível da oferta e da procura. A gigante tecnológica referiu que as fábricas estão a retomar o trabalho mais lentamente do que seria esperado. A maioria das suas 42 lojas na China estão praticamente paradas, refletindo o relevante impacto do coronavírus na economia. É provável que a queda das vendas na China seja mais pronunciada no presente trimestre, enquanto que as interrupções na produção podem penalizar a receita global do iPhone, atualmente o produto com mais expressão na sua estratégia de vendas, nos meses seguintes.

Tim Cook, ao ingressar na empresa no final dos anos 90, transformou a cadeia de oferta da Apple num eficiente “buldózer” que tem sido, há muito tempo, a inveja da indústria de smartphones, “tablets” e computadores portáteis. Parte destes produtos são fabricados na China com mão-de-obra barata, mas qualificada e que já resolveu desafios de engenharia colocados pelos colegas dos EUA, e expedida para todo o mundo numa questão de dias. Contando com a Foxconn Technology de Taiwan para executar operações no terreno e o significativo investimento da China em transporte para garantir a logística, a Apple tornou-se numa empresa que vale mais de um trilião de dólares em bolsa. Responsável por milhões de empregos no país, obteve boa vontade do governo chinês para ter acesso ao seu mercado.

As gigantes de tecnologia norte-americanas, nomeadamente o Facebook e a Google, têm bastante dificuldade em entrar no hermético mercado chinês, em parte justificado por modelos de negócios diferentes, enquanto que a Apple consegue vender uma grande parte dos seus produtos no mercado chinês, e arrecada uma receita anual à volta dos 40 mil milhões de dólares por ano na China, 15% do total de vendas da empresa, só ultrapassado pelos EUA e pela Europa. Todavia, essa força é atualmente também uma fonte de vulnerabilidade para a Apple. Ainda existe stock suficiente de iPhone’s nas empresas de retalho, mas à medida que a produção vai diminuindo, seguir-se-á uma escassez em todo o mundo.

Porém, as pessoas que não comprarem agora, devido às restrições na circulação de pessoas na China, que impactam negativamente a procura e a oferta, no 2º semestre irão efetuar as suas aquisições.
Também se pressupõe que não haja um recrudescimento do surto do coronavírus, e, por isso, as previsões da Apple foram revistas em alta para a segunda metade do ano. A Apple, muito provavelmente, fará parte dos recuperados “infetados” pelo coronavírus…

Pelo caminho, prepara-se para lançar um novo iPhone de baixo custo em março, e, ainda no 1º semestre de 2020, modelos atualizados do iPad Pro, com um novo sistema de câmaras. Porém, o coronavírus ainda pode impor atrasos ou restrições nesses planos…

Paulo Rosa, In Vida Económica, 21 de fevereiro






Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue

Seguidores

Economista

A minha foto
Naturalidade Angolana
Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.