O impacto do coronavírus no crescimento económico é agora uma realidade, devido
às restrições na circulação de pessoas.
Menor consumo e redução da produção. A medida que o coronavírus se alastra, propagam-se as revisões em baixa das perspectivas das empresas e a consequente penalização dos mercados acionistas. A FDA norte-americana referiu que o mundo está "à beira" de uma pandemia e uma vacina pode levar tempo a chegar.
Donald Trump colocou Mike Pence no comando dos esforços dos EUA para combater o vírus e garantiu aos americanos que o governo está preparado. Algumas das maiores empresas de petróleo do mundo cancelaram os seus eventos no encontro anual da indústria de petróleo em Londres, devido a preocupações com a disseminação do coronavírus, mas a conferência de três dias e o jantar formal do Instituto de Energia tiveram lugar.
O elo mais fraco da zona euro ficou ainda mais fragilizado. A disseminação do coronavírus pode levar o fraco crescimento da Itália a uma estagnação este ano e mesmo penalizar a economia transalpina com uma recessão técnica. A onda de casos confirmados do vírus em Itália criou um dilema clássico para a União Europeia: como proteger a sua unidade perante as diversidades culturais e fronteiras abertas.
A semana começou com o pior dia para as ações europeias desde o referendo do Brexit, a 23 de junho de 2016. As quedas da semana anularam os ganhos do ano dos mercados acionistas, corrigindo quase 10%, com a volatilidade a aumentar significativamente.
As ações dos EUA caíram para níveis de novembro e as yields desceram com a crescente preocupação de que o coronavírus altere as cadeias de fornecimentos globais. O VIX e o VDAX que cotavam à volta dos 15 pontos, estão agora nos 31 pontos.
As obrigações têm servido de refúgio, principalmente a Bund alemã cuja rentabilidade caiu para -0.54%, num puro movimento de correção acionista e "flight to quality". Agrava-se o diferencial negativo, já observado desde o dia 20 de fevereiro, das rentabilidades da yield a 10 anos do tesouro dos EUA, nos 1.27%, e da rentabilidade da T-Bill a 3 meses nos 1.40%, indiciando recessão económica, um indicador bastante monitorizado pela Reserva Federal para aferir a saúde da economia e decidir sobre a sua política monetária.
Atualmente, e de acordo com os futuros negociados na Bolsa de Chicago sobre as probabilidades de alterações de taxas de juro o mercado estima que a Reserva Federal proceda a três cortes de juros de 25 pontos base em 2020. Um pode mesmo acontecer já na FOMC de 18 de março, com uma probabilidade de 72%, um segundo corte na reunião de 29 de abril, e probabilidade de 56%, e um terceiro corte lá mais para o final do ano. Seria uma descida dos atuais 1.75% para 1%.
Mas qualquer evolução da epidemia coronavírus poderá alterar significativamente a política monetária da Fed. Caso seja apenas um choque do lado da oferta, este não se resolve com estímulos monetários, e podem redundar apenas em inflação acrescida...
O ouro está em máximos desde janeiro de 2013, a servir de activo de refúgio, e o petróleo em mínimos de há um ano perante as perspectivas de abrandamento devido à propagação do coronavírus e consequente redução de circulação de pessoas.
Paulo Monteiro Rosa, Jornal Económico, 28 de fevereiro 2020
Menor consumo e redução da produção. A medida que o coronavírus se alastra, propagam-se as revisões em baixa das perspectivas das empresas e a consequente penalização dos mercados acionistas. A FDA norte-americana referiu que o mundo está "à beira" de uma pandemia e uma vacina pode levar tempo a chegar.
Donald Trump colocou Mike Pence no comando dos esforços dos EUA para combater o vírus e garantiu aos americanos que o governo está preparado. Algumas das maiores empresas de petróleo do mundo cancelaram os seus eventos no encontro anual da indústria de petróleo em Londres, devido a preocupações com a disseminação do coronavírus, mas a conferência de três dias e o jantar formal do Instituto de Energia tiveram lugar.
O elo mais fraco da zona euro ficou ainda mais fragilizado. A disseminação do coronavírus pode levar o fraco crescimento da Itália a uma estagnação este ano e mesmo penalizar a economia transalpina com uma recessão técnica. A onda de casos confirmados do vírus em Itália criou um dilema clássico para a União Europeia: como proteger a sua unidade perante as diversidades culturais e fronteiras abertas.
A semana começou com o pior dia para as ações europeias desde o referendo do Brexit, a 23 de junho de 2016. As quedas da semana anularam os ganhos do ano dos mercados acionistas, corrigindo quase 10%, com a volatilidade a aumentar significativamente.
As ações dos EUA caíram para níveis de novembro e as yields desceram com a crescente preocupação de que o coronavírus altere as cadeias de fornecimentos globais. O VIX e o VDAX que cotavam à volta dos 15 pontos, estão agora nos 31 pontos.
As obrigações têm servido de refúgio, principalmente a Bund alemã cuja rentabilidade caiu para -0.54%, num puro movimento de correção acionista e "flight to quality". Agrava-se o diferencial negativo, já observado desde o dia 20 de fevereiro, das rentabilidades da yield a 10 anos do tesouro dos EUA, nos 1.27%, e da rentabilidade da T-Bill a 3 meses nos 1.40%, indiciando recessão económica, um indicador bastante monitorizado pela Reserva Federal para aferir a saúde da economia e decidir sobre a sua política monetária.
Atualmente, e de acordo com os futuros negociados na Bolsa de Chicago sobre as probabilidades de alterações de taxas de juro o mercado estima que a Reserva Federal proceda a três cortes de juros de 25 pontos base em 2020. Um pode mesmo acontecer já na FOMC de 18 de março, com uma probabilidade de 72%, um segundo corte na reunião de 29 de abril, e probabilidade de 56%, e um terceiro corte lá mais para o final do ano. Seria uma descida dos atuais 1.75% para 1%.
Mas qualquer evolução da epidemia coronavírus poderá alterar significativamente a política monetária da Fed. Caso seja apenas um choque do lado da oferta, este não se resolve com estímulos monetários, e podem redundar apenas em inflação acrescida...
O ouro está em máximos desde janeiro de 2013, a servir de activo de refúgio, e o petróleo em mínimos de há um ano perante as perspectivas de abrandamento devido à propagação do coronavírus e consequente redução de circulação de pessoas.
Paulo Monteiro Rosa, Jornal Económico, 28 de fevereiro 2020
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