Poderá ter sido o "bear
market" mais rápido de sempre, cerca de duas semanas no mês de março, e o
início do "bull market" mais odiado de sempre, com muitos
investidores a ficarem de fora do "rally". Mas o fator TINA
("There Is No Alternative") alimenta a FOMO ("Fear Of Missing
Out").
As taxas de juro próximas de zero, devido às reforçadas políticas
monetárias expansionistas dos principais bancos centrais do mundo, deixam
poucas alternativas aos investidores que procuram rentabilidade. O mercado
perdeu cerca de 40%, mas muitas bolsas já recuperaram parte dessas perdas e
algumas já estão em máximos históricos novamente.
Não será fácil voltarmos a
ver mínimos no mercado por causa da Covid-19. Perante uma segunda vaga, haverá
muita resistência a um novo confinamento global, e, eventualmente, poderemos
ter confinamentos localizados à medida que os novos casos aumentem significativamente.
População e autoridades estão atentas, conscientes e zelam pela saúde com meios
de higiene e uso de máscara.
No inverno de 1918/19, na fase mais mortífera da gripe espanhola, o Dow Jones
perdeu cerca de 11 % em três meses, desde o seu ponto mais alto em outubro de
1918 ao ponto mais baixo em fevereiro de 1919, e S&P500 à volta de 15%. Na
gripe asiática de 1957/58, o S&P 500 perdeu quase 21%, em três meses, do
máximo de julho ao mínimo de outubro 1957, sendo novembro desse ano e março de 1958
os picos do número de mortes. Nestas duas pandemias não houve confinamento
global.
A necessidade de novas formas de trabalho para contornar, e debelar, a pandemia
de Covid-19 abriram um mundo novo de oportunidades, competências, aptidões e
capacidades.
Parte destas mudanças e alterações vieram para ficar, e a pandemia veio
acelerar a quarta revolução industrial.
Poderemos estar no arranque de um novo ciclo económico, mais digital,
automatizado e robotizado, com o teletrabalho como principal pilar desta nova
economia digital.
Nas últimas semanas, o aumento de novos casos de Covid-19 foi, em parte,
negligenciado pelo mercado.
Mas perante a contração do balanço da Reserva Federal norte-americana, na
semana passada, pela primeira vez desde janeiro, os receios dos investidores
podem regressar, diante de uma segunda vaga, e colocar em causa o atual formato
de recuperação em "V" descontado pelo mercado.
A evolução do valor dos ativos financeiros deverá continuar a ser influenciada
pela atuação dos bancos centrais. Quando o otimismo é demasiado, os bancos
centrais tendem a refrear os estímulos monetários, e reforçá-los perante um
agravamento do pessimismo. Os bancos centrais que, grosso modo, já controlam a
"yield curve", também influenciam as cotações das ações.
Os investidores e os bancos centrais estarão atentos aos indicadores económicos
para aferirem se a recuperação económica é mais ou menos forte, e se as
cotações correspondem ao real valor das empresas e se são necessários ajustes
nas políticas monetárias e orçamentais.
A não ser que existam outros fatores atualmente desconhecidos, o próximo
mercado em alta estará em construção, apesar de muitos acharem que não faz
sentido. A negatividade e o medo reinam sempre no início de um ciclo de alta
devido ao cansaço mental. Foi assim em outubro de 2002, e no início de 2009,
quando poucos acreditavam nos pacotes de estímulos das autoridades europeias,
norte-americanas, e pelo incentivo chinês de 500 biliões de dólares. O atual
ciclo de baixa começou com mais força do que nunca, antecipando quase
imediatamente a recessão que seria desencadeada como resultado das medidas de
confinamento e distanciamento social. Quando as expectativas são baixas,
praticamente qualquer cenário estimula as ações.
A maioria geralmente despreza a recuperação, considerando-a uma armadilha para
os incautos. Presta-se mais atenção às más notícias, negam-se os possíveis
fatores positivos, e surge o pessimismo da desconfiança...
Paulo Monteiro Rosa, In Vida Económica, 26 de junho de 2020
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
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