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sexta-feira, 12 de junho de 2020

Estímulos monetários alimentam mercados e ofuscam notícias negativas

Estímulos monetários alimentam mercados e ofuscam notícias negativas

O mercado desconta uma recuperação em "V" das economias das principais geografias, nomeadamente da norte-americana.

PAULO ROSA, 5 de junho 2020, In Jornal Económico

Economista Sénior, Banco Carregosa A Alemanha chegou a um acordo para um pacote de estímulos de 130 mil milhões de euros, acima dos anteriores 80 mil milhões de euros que estavam na agenda há dois dias. O Banco Central Europeu reforçou os apoios à economia, adicionando mais 600 mil milhões de euros ao programa de compras e estendendo o programa, ao abrigo da pandemia, pelo menos até junho de 2021.

Os estímulos monetários e as notícias macroeconómicas positivas têm animado as bolsas, que tendem a olhar mais facilmente para dados positivos, nos últimos tempos, e dão menos relevância a notícias negativas. O mercado parece cada vez mais apostado numa recuperação em forma de "V" da economia.

A meio da semana, o ADP revelou que 2,76 milhões de trabalhadores do setor privado perderam os seus empregos, em termos mensais, até meados de maio, muito melhor do que os 9 milhões esperados pelo mercado. Os dados do ADP indiscutivelmente são positivos para o relatório oficial do mercado de trabalho, embora nenhum relatório seja tão atualizado quanto os números dos subsídios de desemprego (Initial Jobless Claims), esta semana de 1.9 milhões, ainda muito acima dos 400 mil que balizam a recessão económica, mas o ritmo tem abrandado.

Os indicadores de sentimento espelham um mercado em modo Risk-On. Ativos de refúgio como o ouro e o dólar perderam terreno esta semana. A volatilidade do S&P500, medida pelo VIX, está nos níveis mais baixos desde o início de março, nos 24 pontos. O contango do brent (curva dos preços do petróleo londrino) tem melhorado, e desde a semana passada o diferencial entre o contrato para entrega imediata e o contrato para entrega daqui a um ano diminuiu um dólar e meio, de 4 dólares para 2,5 dólares

Perante o receio de um abrandamento económico, ou mesmo recessão, é normal que os investidores procurem o ouro como refúgio. Por outro lado, a procura de cobre, um metal de referência da atividade industrial, desce com o abrandamento económico, e a sua cotação tende a cair, e o rácio ouro/cobre propende a aumentar. Em recuperação e expansão há a propensão a baixar. Nas últimas sessões o ouro desceu dos 1.750 para 1.710 dólares/onça, e o cobre subiu dos 2,40 para 2,50 dólares a libra e o rácio desceu de 7,15 para 6,8, espelhando recuperação da atividade económica.

O índice do dólar americano cai para os 96,7 pontos, mínimos de três meses. O otimismo quanto a uma rápida recuperação económica reforça o sentimento de Risk- -On por parte dos investidores. O mercado desvaloriza notícias negativas, protestos nas ruas dos EUA em torno da morte de Floyd, e a tensão entre os EUA e a China, e olha com otimismo a nova ronda de estímulos monetários e premeia os ativos de maior risco que continuam em alta.

CAMBIAL

EURO DÓLAR

O dólar perdeu terreno devido ao otimismo nos mercados, designadamente na vertente acionista. Quando o sentimento está significativamente otimista, há tendência para os refúgios serem penalizados, porque os investidores tendem a arriscar e a investir em ativos de risco como as ações. O dólar é talvez o principal refúgio a nível mundial, e quando os investidores optam por liquidez em detrimento dos títulos menos líquidos, há procura da moeda norte-americana. O mercado está no lado oposto, e a preferência por liquidez é quase nula, e os investidores preferem deter títulos, numa ótica de FOMO (Fear Of Missing Out).

AÇOES

RESULTADOS EMPRESAS

A Remy Cointreau, fabricante de bebidas espirituosas francesa, espera que os lucros operacionais caiam de 45% a 50% organicamente no primeiro semestre, enquanto o desempenho na China e nos EUA deve ter forte recuperação no segundo semestre. A decisão da Comissão Europeia de aprovar um acordo entre as grandes empresas de energia da Alemanha, o compromisso entre a RWE e a E.ON, corre o risco de distorcer a concorrência no mercado de energia, e penalizar as empresa mais pequenas, segundo o responsável da empresa germânica de energia renovável Naturstrom AG.

AÇOES

RESULTADOS EMPRESAS

A Embraer perdeu 292 milhões de dólares no primeiro trimestre, perante a fraca procura devido à Covidi 9, e entregou apenas cinco aviões comerciais. A Empresa está a estudar novas parcerias internacionais, nomeadamente para a produção de aviões, após o acordo com a Boeing ter fracassado. O Piraeus Bank regista perda no 1º trimestre, com aumento das provisões para perdas com empréstimos, de 232 milhões de euros em comparação com um lucro líquido de 14 milhões de euros no mesmo período do ano anterior.  


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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.