O "output gap" é a
diferença entre o produto real e o produto potencial máximo dessa
economia. É a comparação entre aquilo que é realmente produzido numa
economia (PIB) e o
que pode ser de acordo com a capacidade instalada existente (PIB
potencial). E
difícil estimar o nível ótimo de eficiência de uma economia, mas é
consensual
que o pleno emprego é uma componente chave do PIB potencial.
Um gap positivo indica uma economia a superar as expectativas, o PIB real superior à capacidade máxima da economia (PIB potencial), e uma procura elevada de bens e serviços, o que pode ser considerado benéfico para uma economia. No entanto, o efeito da procura excessivamente alta implica que as empresas e os funcionários trabalhem acima do nível máximo de eficiência para atender aos níveis da procura, o que geralmente estimula a inflação. Os custos da mão de obra e os preços dos bens tendem a aumentar para responder ao aumento da procura.
Um gap negativo sugere que o PIB está abaixo da capacidade total de produção da economia, característico das economias desenvolvidas, e indica uma procura abaixo da capacidade instalada. Grosso modo, há excesso de capacidade instalada nas economias desenvolvidas.
As empresas e funcionários trabalham abaixo dos seus níveis máximos de eficiência. Um "output gap" negativo é sinal de uma economia com crescimentos económicos modestos. Os salários e os preços dos bens tendem a cair quando a procura é inferior à capacidade instalada.
A Suíça, o Japão, os EUA e o Reino Unido tinham pleno emprego no início do ano, com taxas de desemprego à volta dos 2%, 2,5%, 3,5% e 3,9%, respetivamente. Num cenário de crise conjuntural e recuperação em "V", como preconizam os mercados financeiros, estas economias poderão recuperar num prazo não muito longo o seu pleno emprego, ou parte dele, provavelmente em 2021, e regressar ao excesso de capacidade instalada e consequente ausência de pressões inflacionistas.
Mas a conquista do pleno emprego estará dependente de uma segunda vaga da pandemia ou de um impacto significativamente negativo por parte de algum setor económico. O distanciamento social e a "economia 90%" também poderão atrasar a obtenção do pleno emprego.
As políticas dos principais bancos centrais indiciam reservas quanto a uma retoma cabal das economias ocidentais. O BCE aumentou em 600 mil milhões de euros o suporte à economia, e alargou o prazo, pelo menos, até junho de 2021. A FED mantém o seu QE sem limite e sem prazo para terminar, e o seu balanço já aumentou 70% desde o início da pandemia. O suporte dos bancos centrais em sintonia com os governos, através de uma implícita monetização da dívida, impulsiona os títulos.
Foi o "bear market" mais rápido de sempre, cerca de duas semanas, e está a ser o "buli market" mais odiado de sempre, com muitos investidores a ficarem de fora do "rally". Mas o fator TINA ("There Is No Alternative") alimenta a FOMO ("Fear Of Missing Out").
E poderemos estar já no arranque de um novo ciclo económico, mais digital, automatizado e robotizado, com o teletrabalho como principal pilar desta nova economia digital.
Nas principais economias ocidentais, a diminuição da velocidade de circulação da moeda nos últimos anos, mais acentuada desde o início da pandemia, e uma curva de Philips horizontal, há décadas, têm contribuído também para uma inflação baixa. A crescente globalização e a deslocalização das empresas, à procura de mão de obra barata, culminou em produtos mais acessíveis para os países desenvolvidos, nomeadamente através de importações mais baratas.
Nas últimas décadas, nas economias desenvolvidas os estímulos monetários dos bancos centrais, em parte, acabam por não chegar a muitas empresas porque estas não os solicitam devido ao excesso de capacidade instalada, sendo muitas vezes canalizados para os mercados, inflacionando os preços dos arivos financeiros (ações, obrigações e imobiliário). Por exemplo, o aumento dos preços do imobiliário resulta numa subida das rendas da habitação, escritórios e armazéns. Estará este fenómeno suficientemente espelhado no cabaz do índice de Preços do Consumidor?
Paulo Rosa, In Vida Económica, 12 de junho de 2020
Um gap positivo indica uma economia a superar as expectativas, o PIB real superior à capacidade máxima da economia (PIB potencial), e uma procura elevada de bens e serviços, o que pode ser considerado benéfico para uma economia. No entanto, o efeito da procura excessivamente alta implica que as empresas e os funcionários trabalhem acima do nível máximo de eficiência para atender aos níveis da procura, o que geralmente estimula a inflação. Os custos da mão de obra e os preços dos bens tendem a aumentar para responder ao aumento da procura.
Um gap negativo sugere que o PIB está abaixo da capacidade total de produção da economia, característico das economias desenvolvidas, e indica uma procura abaixo da capacidade instalada. Grosso modo, há excesso de capacidade instalada nas economias desenvolvidas.
As empresas e funcionários trabalham abaixo dos seus níveis máximos de eficiência. Um "output gap" negativo é sinal de uma economia com crescimentos económicos modestos. Os salários e os preços dos bens tendem a cair quando a procura é inferior à capacidade instalada.
A Suíça, o Japão, os EUA e o Reino Unido tinham pleno emprego no início do ano, com taxas de desemprego à volta dos 2%, 2,5%, 3,5% e 3,9%, respetivamente. Num cenário de crise conjuntural e recuperação em "V", como preconizam os mercados financeiros, estas economias poderão recuperar num prazo não muito longo o seu pleno emprego, ou parte dele, provavelmente em 2021, e regressar ao excesso de capacidade instalada e consequente ausência de pressões inflacionistas.
Mas a conquista do pleno emprego estará dependente de uma segunda vaga da pandemia ou de um impacto significativamente negativo por parte de algum setor económico. O distanciamento social e a "economia 90%" também poderão atrasar a obtenção do pleno emprego.
As políticas dos principais bancos centrais indiciam reservas quanto a uma retoma cabal das economias ocidentais. O BCE aumentou em 600 mil milhões de euros o suporte à economia, e alargou o prazo, pelo menos, até junho de 2021. A FED mantém o seu QE sem limite e sem prazo para terminar, e o seu balanço já aumentou 70% desde o início da pandemia. O suporte dos bancos centrais em sintonia com os governos, através de uma implícita monetização da dívida, impulsiona os títulos.
Foi o "bear market" mais rápido de sempre, cerca de duas semanas, e está a ser o "buli market" mais odiado de sempre, com muitos investidores a ficarem de fora do "rally". Mas o fator TINA ("There Is No Alternative") alimenta a FOMO ("Fear Of Missing Out").
E poderemos estar já no arranque de um novo ciclo económico, mais digital, automatizado e robotizado, com o teletrabalho como principal pilar desta nova economia digital.
Nas principais economias ocidentais, a diminuição da velocidade de circulação da moeda nos últimos anos, mais acentuada desde o início da pandemia, e uma curva de Philips horizontal, há décadas, têm contribuído também para uma inflação baixa. A crescente globalização e a deslocalização das empresas, à procura de mão de obra barata, culminou em produtos mais acessíveis para os países desenvolvidos, nomeadamente através de importações mais baratas.
Nas últimas décadas, nas economias desenvolvidas os estímulos monetários dos bancos centrais, em parte, acabam por não chegar a muitas empresas porque estas não os solicitam devido ao excesso de capacidade instalada, sendo muitas vezes canalizados para os mercados, inflacionando os preços dos arivos financeiros (ações, obrigações e imobiliário). Por exemplo, o aumento dos preços do imobiliário resulta numa subida das rendas da habitação, escritórios e armazéns. Estará este fenómeno suficientemente espelhado no cabaz do índice de Preços do Consumidor?
Paulo Rosa, In Vida Económica, 12 de junho de 2020
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