O ano
de 2022 ficará marcado como um “annus horribilis” tanto para os mercados
acionista, como também para os mercados de dívida. As bolsas europeias
registaram o pior ano desde 2018 e as praças norte-americanas tiveram a maior
queda desde 2008. O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 12,9%. Um ano difícil
marcado por tensões geopolíticas e receios de uma recessão à medida que os
bancos centrais aumentaram os juros para travarem a inflação mais elevada das
últimas quatro décadas. Wall Street registou a maior queda percentual anual
desde 2008 e a primeira desvalorização anual desde 2018, penalizada pelo ritmo
mais rápido de aumento de juros da Reserva Federal dos EUA (Fed) desde a década
de 1980.
A última semana de 2022 ficou marcada quer pela falta de liquidez, quer pelo
agudizar dos receios quanto a um agravamento dos casos de covid-19 na China. O
setor imobiliário continuou a apresentar uma crescente deterioração, designadamente
nos EUA. Os contratos promessa caíram muito mais do que o esperado em novembro,
descendo pelo sexto mês consecutivo, na mais recente indicação do forte impacto
que os aumentos das taxas de juro da Fed estão a impor ao mercado imobiliário.
O declínio geral nos contratos assinados corroborou a queda das vendas de casas
usadas pelo décimo mês consecutivo em novembro, indiciando também uma
desvalorização nos próximos meses. No entanto, apesar de o índice pan-europeu
Stoxx 600 ter caído 12,9% no ano, o seu pior desempenho desde 2018, as ações de
Londres superaram, valorizando quase 1% no ano, devido à forte exposição a “commodities”.
Também o PSI ganhou em 2022, valorizando 2,8% no ano. A Galp Energia foi a
estrela do ano com uma alta de 48%. Wall Street registou a maior queda
percentual anual desde 2008, penalizada pelo ritmo mais rápido de aumento dos
juros da Fed desde a década de 1980, cujos Juros subiram em 2022 do intervalo
de [0% a 0,25%] no início do ano até [4,25% a 4,50%] na última reunião do banco
central dos EUA em 14 de dezembro. O S&P 500 caiu quase 20% no ano passado,
marcando uma queda de aproximadamente 8 biliões de dólares de valor de mercado,
aproximadamente um terço da riqueza produzida num ano nos EUA. O Nasdaq desceu
33,1%, tendo a primeira queda de quatro trimestres consecutivos desde o “crash”
das “dotcom”, enquanto o Dow Jones perdeu 8,9%. O índice de
crescimento (“growth”) do S&P 500 caiu cerca de 30,1% este ano,
enquanto o índice de valor (“value”) perdeu 7,4%, com os investidores a
preferirem setores de elevados dividendos, tais como o da energia. Este setor
da energia registou ganhos anuais de 58% nos EUA com o aumento dos preços do
petróleo a impulsionarem o setor. Energia, petróleo e bancos são os vencedores
de 2022. Setores sensíveis às taxas de juro foram os mais penalizados, tais
como tecnológicas e Imobiliário.
Também o mês de dezembro foi negativo depois da recuperação de outubro e
novembro. Em 2022, não houve lugar ao habitual rali de Natal. A Europa encerrou
o mês de dezembro com uma queda de 4% e os EUA com 6%, Stoxx 600 e S&P 500
respetivamente. Os indicadores económicos e os declives negativos das curvas de
rendimentos apontam para recessão, tensões geopolíticas, incluindo a guerra na
Ucrânia, e o aumento de casos de COVID na China e incertezas sobre Taiwan,
agravam o sentimento. Em dezembro, a produção industrial na China caiu ao ritmo
mais elevado dos últimos 3 anos. Contudo, o PMI de Chicago em dezembro terminou
o ano mais forte que o esperado. Os preços do gás natural na Europa voltaram
aos níveis pré-guerra da Ucrânia. E o preço da eletricidade na Península
Ibérica voltou a recuar nas últimas semanas, atingindo o mínimo de quase dois
anos. A taxa de inflação anual em Espanha caiu para 5,8% em dezembro de 2022,
de 6,8% no mês anterior, a menor desde novembro de 2021. No 2º semestre de
2022, Espanha teve mesmo deflação e os preços caíram 0,2%. Por outro lado, a
taxa de inflação subjacente (“core”), que exclui itens voláteis como
alimentos não processados e energia, subiu de 6,3% para 6,9%. Mensalmente, em
Espanha, os preços ao consumidor subiram 0,3%, após uma queda de 0,1% em
novembro. O relatório de emprego nos EUA nesta sexta-feira, nomeadamente o
ritmo salarial, a taxa de desemprego, a taxa de participação e os postos de
trabalho criados em dezembro, excluindo empregos agrícolas, serão fundamentais
para a perceber a condução da política monetária da Fed. Sendo também de crucial
importância os números da inflação norte-americana a serem publicados na
quinta-feira da próxima semana, dia 12 de janeiro, antecipando-se uma queda da
inflação homóloga para 6,7% em dezembro (o que seria o número mais baixo desde
outubro de 2021), do número anterior de 7,1% em novembro.
PMR in VE 6 janeiro 2023
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023
Mercados têm “Annus horribilis” em 2022
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- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
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