A recuperação do mercado accionista, ontem, foi feita à custa da forte procura de títulos que tinham sido “massacrados” nas duas sessões anteriores. Foi uma subida com um forte volume de transacções o que, normalmente, daria alguma consistência aos mercados nas próximas duas, três sessões. No entanto, não é possível seguirmos nesta estrada a olharmos apenas para o retrovisor. Para não se perder no caminho, o investidor tem que estar atento a todos os sinais e indicações. E, de facto, nada nos leva a crer que esta subida não seja mais do que um reflexo às perdas dos últimos dias, porque as taxas de juro efectivas das obrigações do tesouro português desceram para os 5.48%, dos 6% alcançados na quarta-feira, mas ainda bastante aquém dos valores de há duas semanas nos 4.43%. Os seguros contra o incumprimento do Estado português baixaram dos 383 pontos base para os 304,mas em meados do mês de Abril cotavam nos 150pontos base.
Para os próximos tempos , o mercado vai estar dependente de decisões mais de âmbito político do que económico. Aguarda-se com expectativa a resolução da Alemanha, quanto às condições concretas das ajudas à Grécia, mas está refém das eleições de 9 de Maio na Renânia do Norte-Vestfália, um Estado com 17 milhões de habitantes que é a maior região industrial da Europa–vale do Rur. Devemos estar preparados para novidades em termos económicos com a Grécia a tomar medidas impopulares de subida de impostos e cortes na despesa, seguida de perto quer por Portugal, quer pela Espanha. Tudo isto trará ao mercado volatilidade e ansiedade quer na da dívida pública, quer na vertente accionista. Em Lisboa, aguarda-se a visita do ministro alemão das finanças. Nesta visita vemos dois sinais eventualmente positivos para Portugal: primeiro, Berlim está preocupada com Lisboa, segundo, se for necessário, a Alemanha virá em nosso socorro. Os investidores, depois dos fortes ganhos vistos ontem, estarão mais relutantes na entrada no mercado e se este subir mais um pouco colocarão os seus olhares, nas próximas semanas, em todos os sinais, analisando com bastante cuidado todos os dados relativos à ajuda à Grécia, e a evolução das taxas de juro efectivas e dos credit default swaps de Portugal e Espanha. Em suma provavelmente serão muito prudentes na entrada nos mercados. Por isso, e como não podemos fazer marcha atrás, para seguir caminho, temos que estar atentos ao retrovisor, ao travão, aos sinais de trânsito e aos carros que andam ao nosso lado.
Paulo Rosa, economista, 30 Abril de 2010
Publicado Diário Económico: http://economico.sapo.pt/public/uploads/epaper/DE_2010-04-30.pdf Página 11
Para os próximos tempos , o mercado vai estar dependente de decisões mais de âmbito político do que económico. Aguarda-se com expectativa a resolução da Alemanha, quanto às condições concretas das ajudas à Grécia, mas está refém das eleições de 9 de Maio na Renânia do Norte-Vestfália, um Estado com 17 milhões de habitantes que é a maior região industrial da Europa–vale do Rur. Devemos estar preparados para novidades em termos económicos com a Grécia a tomar medidas impopulares de subida de impostos e cortes na despesa, seguida de perto quer por Portugal, quer pela Espanha. Tudo isto trará ao mercado volatilidade e ansiedade quer na da dívida pública, quer na vertente accionista. Em Lisboa, aguarda-se a visita do ministro alemão das finanças. Nesta visita vemos dois sinais eventualmente positivos para Portugal: primeiro, Berlim está preocupada com Lisboa, segundo, se for necessário, a Alemanha virá em nosso socorro. Os investidores, depois dos fortes ganhos vistos ontem, estarão mais relutantes na entrada no mercado e se este subir mais um pouco colocarão os seus olhares, nas próximas semanas, em todos os sinais, analisando com bastante cuidado todos os dados relativos à ajuda à Grécia, e a evolução das taxas de juro efectivas e dos credit default swaps de Portugal e Espanha. Em suma provavelmente serão muito prudentes na entrada nos mercados. Por isso, e como não podemos fazer marcha atrás, para seguir caminho, temos que estar atentos ao retrovisor, ao travão, aos sinais de trânsito e aos carros que andam ao nosso lado.
Paulo Rosa, economista, 30 Abril de 2010
Publicado Diário Económico: http://economico.sapo.pt/public/uploads/epaper/DE_2010-04-30.pdf Página 11
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