Os warrants são valores mobiliários (como as acções, as obrigações) emitidos por instituições financeiras com a particularidade de, por um lado, de serem derivados, (derivam de outro activo, que apelidamos de subjacente); por outro, conferem ao seu detentor o direito a subscrever determinado título, no futuro.
São muito semelhantes às opções (de compra ou de venda), com a diferença de, nos warrants, ser o emitente a fixar as condições. Como os parâmetros são fixados pelo emitente, diz-se que os warrants são contratos de adesão. Tal como num bilhete de autocarro – quem o comprar não pode discutir as condições da viagem. Quem aposta na subida de uma acção compra call warrant ou warrant de compra. Quem acreditar no contrário, põe-se comprador de put warrant ou warrant de venda. O contrato de warrant pode ser exercido continuamente - warrants americanos - ou em momentos determinados no tempo - warrants europeus.
No início do ano na Euronext Lisbon, os investidores compraram maior quantidade de “call warrants” tanto na Jerónimo Martins como no BCP. É um indício de que o mercado está optimista quando à evolução destes títulos nos próximos meses. No caso da JM, que subiu 72% em 2009 e ganha 0,5% em 2010, os investidores apostam que o papel vai manter-se positivo, capitalizando as suas receitas na Polónia. No BCP, talvez entendam que as cotações actuais já descontam um cenário negativo para o banco.
Em sentido inverso, a Galp Energia lidera a quantidade de “put warrants”. Quer dizer que os investidores apostam na queda da acção? A Galp subiu 50% em 2009 e está a perder 4% desde Janeiro. É uma aposta na queda, sim, mas e o facto de o petróleo estar nos máximos do último ano e meio não nos levaria a pensar o contrário? Há que ser cauteloso nas conclusões que retiramos dos warrants. O facto de serem pouco negociados sugere cautela na leitura dos sinais que nos dão. Na semana passada, por exemplo, praticamente ninguém esteve a negociar warrants.
Em suma, os warrants dão-nos sinais sobre a expectativa dos investidores, mas o seu fraco volume negociado dá-nos sinais de apenas uma minoria de investidores. Em termos empíricos, se este fosse um mercado com grande expressividade, não haveria dúvidas. Os warrants deveriam traduzir a aposta dos investidores para o caminho a seguir. É por o mercado ser assim que não estamos todos ricos!
Publicado no Diário Económico, 23 Fevereiro 2010, página 38 e 39:
Paulo Monteiro Rosa, 23 de Fevereiro 2010
http://economico.sapo.pt/public/uploads/epaper/DE_20100223.pdf
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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ah isto sim, até eu percebi!
ResponderEliminarcomo têm uma data de vencimento, os warrants europeus são de altíssimo risco, ou estou enganado?
O warrant, bem como a opção, pode ser de estilo americano ou europeu. A diferença prende-se com a data em que o warrant pode ser exercido. No caso de ser de estilo americano, é possível proceder ao exercício ao longo de toda a sua vida, enquanto no estilo europeu, só é possível efectuar o exercício na data de maturidade. O estilo americano tem a característica da versatilidade, pautada na antecipação do vencimento, na amortização a qualquer momento por parte do emitente. Os detentores poderão ficar desiludidos pois poderiam querer ir, pois podem estar a perder. Logo os warrants estilo americano têm um risco ligeiramente superior ao estilo europeu. Os warrants são opções só com compra de Call e Put (pois a venda está do lado do emitente). Nas opções os investidores podem também vender Call e Put ( ou seja existem 4 maneiras de entrar no mercado nas opções, enquanto nos warrants só 2).
ResponderEliminarMas é menos arriscado para o vendedor.
ResponderEliminarMas é ligeiramente. Em termos práticos diria mesmo que é imperceptível.
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