Draghi continua a recomendar que os governos façam também o seu trabalho para
criar condições de sustentabilidade da economia.
PAULO ROSA, 13 de setembro 2019, Jornal Económico
O Banco Central Europeu (BCE) reduziu em 10 pontos base a taxa de juro dos depósitos do valor negativo de -0.4% para -0.5%, tal como era esperado pelo mercado. Mário Draghi anunciou também o novo Quantitative Easing (QE) a ter lugar a partir de 1 de novembro no montante mensal de 20 mil milhões de euros. O banco central da zona euro irá continuar a comprar obrigações sempre que necessário e parar estas aquisições rapidamente antes de começar a subir taxas de juro, que segundo o mercado, e o próprio BCE, será durante um longo período de tempo. O BCE anunciou também o Tiering System.
Como as taxas negativas continuarão por mais tempo, o foco nos efeitos colaterais prejudiciais sobre o sistema bancário aumentou. Um sistema de reservas escalonado era uma opção em cima da mesa, e o BCE acabou por adoptar esse sistema, devido à deterioração das perspectivas económicas.
Mario Draghi referiu que a probabilidade de recessão na zona euro é baixa, mas prefere prevenir do que remediar e a política monetária expansionista com instrumentos financeiros "não convencionais" está aí para impedir qualquer fraqueza da economia europeia e ajudá-la a ultrapassar este momento mais crítico. Draghi continua a recomendar que os governos façam também o seu trabalho para criar condições de sustentabilidade da economia da zona euro (exemplo: política orçamental expansionistas, reformas estruturais, etc).
O mercado gosta de discursos "dovishness" e da sua leitura para a economia, e mostra que a queda que vimos na última semana foi apenas isso e não uma mudança estrutural na visão dos mercados sobre o crescimento global. Os movimentos no mercado foram imediatos: forte ajuste da curva de rendimentos, no início com uma significativa queda das rentabilidades das obrigações que acabariam por recuperar o terreno perdido após o final discurso de Draghi. As obrigações a 5 anos valorizaram significativamente. As obrigações do tesouro germânicas a 30 anos subiram e a dívida soberana a 30 anos francesa subiu 10 pontos base. O spread entre a dívida italiana e alemã estreitou 8 pontos base.
O Estado Português financiou-se na quarta-feira em mil milhões de euros às taxas mais baixas de sempre, nas maturidades de 10 anos e 15 anos, respetivamente 0.264% de yield e 0.676%. No último leilão comparável nestas maturidades as taxas de rentabilidades anteriores tinham sido de 0.51% (10 anos) e 1.052% (15 anos). A procura superou a oferta em mais de duas vezes. A meio de agosto, no mercado secundário, a yield a 10 anos chegou a negociar muito perto do zero, nos 0.08%, quando por toda a zona euro as yields da dívida pública atingiam mínimos históricos e valores perto de números negativos de -1% no caso da dívida soberana alemã a 10 anos.
CAMBIAL
EURO/DÓLAR
Euro em mínimos contra o dólar, depois das decisões do BCE. A moeda única retomou a baixa de 2019 e atingiu os 1,0926 dólares - valores do passado dia 3 de setembro-, depois do banco central corresponder, "grosso modo", a todas as expectativas dos mercados em relação às ações tomadas para combater o impacto negativo do enfraquecimento da economia da União Europeia e da baixa inflação, bem como fatores negativos do bloco externo, como o conflito comercial, nomeadamente entre os EUA e a China e Brexit.
EMPRESAS
AÇÕES
A EDP emitiu dívida de 500 milhões de euros a sete anos; o BIG vê 'downside' de 15% nas ações da Jerónimo Martins com principais mercados já maduros, como Portugal e Polónia; e a Bouygues disse que pretende alienar 13% da participação que detém na Alstom.
O presidente da Telecom Italia SpA, Fulvio Conti, planeia renunciar ao seu cargo num movimento que sinaliza que a batalha por influência entre os dois dos maiores investidores da operadora de telefonia pode estar a chegar ao fim. MATÉRIAS-PRIMAS
PETRÓLEO
Donald Trump despediu esta terça-feira o conselheiro nacional de segurança, John Bolton. O presidente da administração norte-americana procura novas vias de diálogo diplomático com o Irão e com a Coreia do Norte. Porém, Bolton era apologista de uma intensificação das divergências entre os EUA e o Irão, defendendo mesmo ataques a este país do Médio Oriente, e também contra a Coreia do Norte. Uma maior aproximação contribui para estabilização da região e um aliviar dos preços do petróleo, que desceu cerca de 10% depois destas notícias terem sido veiculadas há três dias.
PAULO ROSA, 13 de setembro 2019, Jornal Económico
O Banco Central Europeu (BCE) reduziu em 10 pontos base a taxa de juro dos depósitos do valor negativo de -0.4% para -0.5%, tal como era esperado pelo mercado. Mário Draghi anunciou também o novo Quantitative Easing (QE) a ter lugar a partir de 1 de novembro no montante mensal de 20 mil milhões de euros. O banco central da zona euro irá continuar a comprar obrigações sempre que necessário e parar estas aquisições rapidamente antes de começar a subir taxas de juro, que segundo o mercado, e o próprio BCE, será durante um longo período de tempo. O BCE anunciou também o Tiering System.
Como as taxas negativas continuarão por mais tempo, o foco nos efeitos colaterais prejudiciais sobre o sistema bancário aumentou. Um sistema de reservas escalonado era uma opção em cima da mesa, e o BCE acabou por adoptar esse sistema, devido à deterioração das perspectivas económicas.
Mario Draghi referiu que a probabilidade de recessão na zona euro é baixa, mas prefere prevenir do que remediar e a política monetária expansionista com instrumentos financeiros "não convencionais" está aí para impedir qualquer fraqueza da economia europeia e ajudá-la a ultrapassar este momento mais crítico. Draghi continua a recomendar que os governos façam também o seu trabalho para criar condições de sustentabilidade da economia da zona euro (exemplo: política orçamental expansionistas, reformas estruturais, etc).
O mercado gosta de discursos "dovishness" e da sua leitura para a economia, e mostra que a queda que vimos na última semana foi apenas isso e não uma mudança estrutural na visão dos mercados sobre o crescimento global. Os movimentos no mercado foram imediatos: forte ajuste da curva de rendimentos, no início com uma significativa queda das rentabilidades das obrigações que acabariam por recuperar o terreno perdido após o final discurso de Draghi. As obrigações a 5 anos valorizaram significativamente. As obrigações do tesouro germânicas a 30 anos subiram e a dívida soberana a 30 anos francesa subiu 10 pontos base. O spread entre a dívida italiana e alemã estreitou 8 pontos base.
O Estado Português financiou-se na quarta-feira em mil milhões de euros às taxas mais baixas de sempre, nas maturidades de 10 anos e 15 anos, respetivamente 0.264% de yield e 0.676%. No último leilão comparável nestas maturidades as taxas de rentabilidades anteriores tinham sido de 0.51% (10 anos) e 1.052% (15 anos). A procura superou a oferta em mais de duas vezes. A meio de agosto, no mercado secundário, a yield a 10 anos chegou a negociar muito perto do zero, nos 0.08%, quando por toda a zona euro as yields da dívida pública atingiam mínimos históricos e valores perto de números negativos de -1% no caso da dívida soberana alemã a 10 anos.
CAMBIAL
EURO/DÓLAR
Euro em mínimos contra o dólar, depois das decisões do BCE. A moeda única retomou a baixa de 2019 e atingiu os 1,0926 dólares - valores do passado dia 3 de setembro-, depois do banco central corresponder, "grosso modo", a todas as expectativas dos mercados em relação às ações tomadas para combater o impacto negativo do enfraquecimento da economia da União Europeia e da baixa inflação, bem como fatores negativos do bloco externo, como o conflito comercial, nomeadamente entre os EUA e a China e Brexit.
EMPRESAS
AÇÕES
A EDP emitiu dívida de 500 milhões de euros a sete anos; o BIG vê 'downside' de 15% nas ações da Jerónimo Martins com principais mercados já maduros, como Portugal e Polónia; e a Bouygues disse que pretende alienar 13% da participação que detém na Alstom.
O presidente da Telecom Italia SpA, Fulvio Conti, planeia renunciar ao seu cargo num movimento que sinaliza que a batalha por influência entre os dois dos maiores investidores da operadora de telefonia pode estar a chegar ao fim. MATÉRIAS-PRIMAS
PETRÓLEO
Donald Trump despediu esta terça-feira o conselheiro nacional de segurança, John Bolton. O presidente da administração norte-americana procura novas vias de diálogo diplomático com o Irão e com a Coreia do Norte. Porém, Bolton era apologista de uma intensificação das divergências entre os EUA e o Irão, defendendo mesmo ataques a este país do Médio Oriente, e também contra a Coreia do Norte. Uma maior aproximação contribui para estabilização da região e um aliviar dos preços do petróleo, que desceu cerca de 10% depois destas notícias terem sido veiculadas há três dias.
Sem comentários:
Enviar um comentário