A Europa e a Ásia estão inundadas em cerca de 17 biliões de
dólares de títulos soberanos (emitidos pelos Estados) e corporativos (emitidos
por empresas) com rendimento negativo, mais de quatro vezes a riqueza produzida
anualmente pela Alemanha e à volta de 90% do PIB norte-americano. Alan
Greenspan, presidente da Reserva Federal dos EUA de 1987 a 2006, prevê que as
taxas de juros negativas em breve chegarão também aos EUA. Donald Trump, apesar
de continuar a corroborar a robustez da economia americana, a par do atual
presidente da FED, Jerome Powell, revindica há meses taxas de juro baixas,
mesmo de zero. A FED está dividida quanto à descida de taxas, bem espelhada na sua
última reunião de 18 de setembro, em que 3 membros votaram contra a descida de
taxas. No entanto, Trump gostaria de ver naquela Instituição pessoas como Judy
Shelton, apologista do regresso ao padrão ouro, mas defensora de taxas de juro
de 0% num espaço de um ou dois anos caso assumisse o cargo de responsável máximo.
As taxas de juros negativas são apenas a frente mais recente
na era pós-2008 da política monetária "Não convencional" em que
vivemos e nunca observada. Os bancos centrais tentam estimular mais empréstimos
e mais dívidas, embora exista globalmente muito mais dívida do que em 2007. O
estímulo da economia pelo lado da procura é a ideia de que uma economia
prospera através do consumo e empréstimos, esquecendo o lado da oferta, a
produção e a poupança.
As taxas de juros negativas subvertem o racional da economia, e só existem devido à atuação dos bancos centrais, ou seja, surge como uma distorção ou enviesamento ao que é o normal decorrer da atividade económica. Na Alemanha todas as taxas de juro são negativas, de curto e longo prazo, até maturidades a 30 anos.
As taxas de juros negativas subvertem o racional da economia, e só existem devido à atuação dos bancos centrais, ou seja, surge como uma distorção ou enviesamento ao que é o normal decorrer da atividade económica. Na Alemanha todas as taxas de juro são negativas, de curto e longo prazo, até maturidades a 30 anos.
Os agentes económicos não emprestam dinheiro para perderem
capital. À priori [eles] têm perceções nominais sobre a economia. Mesmo em
períodos deflacionistas dos preços dos bens e serviços, a situação de juros
reais positivos com taxas de juros nominais negativas é pontual. E a deflação muitas
vezes tem na sua génese a inflação proveniente das nefastas bolhas financeiras
e imobiliárias que nascem frequentemente devido às políticas monetárias
expansionistas dos bancos centrais. Emprestar 50.000 euros durante 10 anos ao
Estado alemão e reembolsar 49.750 euros não é racional. Não deveria existir
racional de "mercado" para taxas negativas.
O futuro é incerto e sempre há risco da contraparte a quem se empresta dinheiro de não honrar os seus compromissos. O devedor pode fugir, morrer ou declarar falência. As condições do mercado podem mudar durante a vida do empréstimo. A inflação pode subir mais rapidamente do que a taxa de juro nominal acordada. As taxas de juros positivas compensam os credores por todo esse risco e incerteza. O juro, tal como toda a economia, é explicado pela natureza e ação humanas.
O futuro é incerto e sempre há risco da contraparte a quem se empresta dinheiro de não honrar os seus compromissos. O devedor pode fugir, morrer ou declarar falência. As condições do mercado podem mudar durante a vida do empréstimo. A inflação pode subir mais rapidamente do que a taxa de juro nominal acordada. As taxas de juros positivas compensam os credores por todo esse risco e incerteza. O juro, tal como toda a economia, é explicado pela natureza e ação humanas.
Os juros representam uma compensação para quem adia o
consumo, não uma penalização. Ninguém “vende” o seu dinheiro e ainda fica
obrigado a pagar juros ao “comprador”. Simplesmente guardariam o dinheiro e
evitariam o risco de emprestar.
As taxas de juro que mais fidedignamente representam a
vontade de toda a população, num mercado livre e normal, definem-se de acordo
com as preferências temporais das pessoas. Confrontando a disposição do credor,
aquele que poupa, de renunciar ao consumo atual e a vontade de um investidor ou
consumidor de pagar um prémio pelo consumo atual. As taxas de juros negativas
não podem explicar como ou porque alguém adiaria o consumo sem um pagamento, e
muito mais inexplicável é com taxas de juro negativas, ou seja, adiar o consumo
e ainda pagar por isso!
Paulo Monteiro Rosa,
Paulo Monteiro Rosa,
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