De acordo com alguns membros da Reserva Federal dos EUA
(Fed), reduzir a compra de títulos mais cedo poderá propiciar uma maior
flexibilidade para aumentar as taxas de juros. Vários membros aproximam as suas
posições para começar a reduzir as compras mensais (80 mil milhões de dólares
em títulos do tesouro e 40 mil milhões de dólares em títulos garantidos por
hipotecas) nos próximos três meses se a recuperação económica continuar, e
encerrar o programa de compra de ativos até meados do próximo ano.
A Fed referiu em dezembro passado que continuaria no ritmo
atual de compras de títulos até alcançar um "progresso adicional
substancial" em direção às metas de inflação média de 2% e emprego
robusto. Recentemente, Jerome Powell deixou claro que o principal obstáculo é o
emprego, com a Fed disposta a manter alta a inflação. Mas na última reunião de
27 e 28 de julho, a Fed deliberou sobre duas questões importantes: quando
começar a reduzir as compras mensais de 120 mil milhões de dólares e com que
rapidez.
O presidente da Fed de Boston, Eric Rosengren, espera um
crescimento de emprego suficiente que satisfaça, já na próxima reunião da Fed
de 21 a 22 de setembro, os critérios de redução de compra de títulos, que se
iniciaria no outono, terminando em meados do próximo ano, desde que o
crescimento económico se mantenha robusto. O presidente da Fed de Dallas,
Robert Kaplan, referiu que as compras de ativos são para estimular a procura,
mas, atualmente, esse problema não se coloca. Se reduzir as compras de ativos
mais cedo, a Fed poderá esperar mais tempo antes de aumentar as taxas de juros,
referiu Kaplan. O presidente da Fed de St. Louis, James Bullard, quer começar a
reduzir os ativos em outubro e concluir o programa em março, reduzindo as
compras de títulos do Tesouro em 20 mil milhões de dólares por mês e de títulos
garantidos por hipotecas em 10 mil milhões por mês.
Ao mesmo tempo, outros membros pediram mais paciência. A
governadora da Fed, Lael Brainard, referiu que seria prudente ver o relatório de
emprego de setembro, que não estará disponível até o início de outubro, antes
da Fed decidir.
As respostas são importantes para os mercados financeiros
porque os membros da Fed afirmaram que preferem concluir o programa de compra
de títulos antes de considerar o início do aumento das taxas de juro. Na
reunião da Fed de 15 e 16 de junho, 13 dos 18 membros da Fed projetaram aumento
de taxas de juro até ao final de 2023, e sete membros anteciparam mesmo uma
subida de taxas até ao final de 2022. O mercado aguarda com expetativa o
próximo diagrama ‘dot plot’ que sairá da reunião de 21 e 22 de setembro, com um
resumo das respetivas projeções económicas trimestrais. No final do mês
realizar-se-á o simpósio da Fed em Jackson Hole e novas pistas surgirão sobre o
cronograma para redução de ativos e aumento das taxas.
Na passada terça-feira, o euro face ao dólar cotou a 1,1702,
o valor mais baixo desde o início de novembro do ano passado. A agudização da
pandemia em algumas regiões, impulsionada pela variante delta, e a tomada do
poder no Afeganistão pelos talibãs, despertaram nos investidores o apetite pela
moeda norte-americana, considerada um dos principais ativos de refúgio globais.
A recente valorização do dólar deve-se também aos números favoráveis do relatório
do emprego nos EUA, relativos ao mês de julho. A criação de quase um milhão de
postos de trabalho e a descida da taxa de desemprego para 5,4%, de 5,9% em
junho, fomentam gradualmente no seio dos membros da Fed o início do ‘tapering’.
É a terceira vez que o par EUR/USD regressa a esta significativa zona de
suporte (1,1700 a 1,1738) desde os mínimos de há 10 meses. Atualmente, também
há poucas notícias positivas para o euro, com os crescentes casos da variante
delta a penalizarem as perspetivas da Zona Euro e o Banco Central Europeu (BCE)
a defender a sua política monetária energicamente ‘dovish’, visto que a
inflação é considerada transitória por natureza, forçando o BCE a ficar para
trás em relação aos demais, sem previsão de aumento das taxas de juro até 2024.
Atualmente, a rentabilidade da bund alemã a 10 anos é negativa de -0,50%,
indiciando abrandamento económico.
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