A frase do químico francês Antoine-Laurent de Lavoisier, “Na Natureza, nada se
cria, nada se perde, tudo se transforma”, adequa-se plenamente à crescente
importância da economia circular e à aceleração da economia ‘zero desperdício’.
A economia circular representa um dos principais meios para a sustentabilidade
do planeta, bem como uma enorme oportunidade de mercado. Todavia, há uma
dessincronização entre as multinacionais que lutam para acompanhar a inovação
circular e os empreendedores que não têm recursos para crescer. A economia circular
está lentamente a unir as duas partes para promover a agenda de desperdício
zero.
No início de 2021, as empresas enfrentam uma matriz complexa de desafios -
desde o aumento das tensões geoeconómicas, até à urgência das alterações
climáticas. Com menos de dez anos para atingir os objetivos de ‘Desenvolvimento
Sustentável das Nações Unidas’ (ODS), a atual década é crucial para a
sustentabilidade do planeta e os líderes mundiais gradualmente agem na
prossecução desse objetivo. A transição para um modelo económico circular
global é fundamental para reduzir a degradação ambiental e priorizar a
biodiversidade e a natureza, ao mesmo tempo que proporciona competitividade
futura. Numa economia circular, o desperdício é eliminado e os produtos são
devolvidos ao sistema de produção no final da sua utilização. Consequentemente,
o crescimento é ‘desligado’ o mais possível do consumo de recursos escassos e
os materiais são mantidos em utilização no sistema produtivo pelo maior tempo
possível.
A economia circular representa uma oportunidade de mercado única de mais de 4,5
biliões de dólares até 2030, de acordo com a Accenture Strategy em 2015,
atualmente cerca de 5% do PIB mundial anual. A aceleração dessa transição
depende da adoção de novos modelos de negócio inovadores e dos avanços
tecnológicos disruptivos. Juntamente com a priorização de novos modelos de
negócio, que agora respondem por cerca de 30% do investimento em M&A (Fusões
e Aquisições) de acordo com a análise da Accenture em outubro de 2020, a adoção
de novas tecnologias digitais, físicas e biológicas pode gerar novas
oportunidades e entregar o triplo do resultado financeiro das grandes empresas.
Hoje, as grandes multinacionais com cadeias de abastecimentos e processos cada
vez mais complexos podem esforçar-se pela inovação circular, mas às vezes podem
faltar os recursos necessários para abraçar novos modos na transição para
negócios circulares. Todavia, e em contraste, os empreendedores têm as soluções
disruptivas para resolver esses desafios, mas podem não ter capital ou recursos
para replicar as suas soluções.
Uma iniciativa da Accenture, o ‘Circulars Accelerator’, agiliza a conexão entre
as multinacionais e os empreendedores. As partes interessadas em toda a cadeia
de valor têm o poder de abraçar totalmente a inovação e mutuamente beneficiar
de inovação colaborativa e alianças estratégicas. As ‘startups’ são classificadas
num dos três tipos de solução necessários para a transformação circular, que
juntos abrangem toda a cadeia de valor e respondem a desafios circulares
específicos: 1) Produção inovadora que cria e fornece produtos, embalagens e
soluções pioneiras. Por exemplo, a StixFresh na Malásia tem um adesivo 100%
vegetal que aumenta a vida útil dos produtos frescos até 14 dias, e de acordo
com a FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura) das Nações Unidas, um
terço dos alimentos vão para o lixo. 2) O consumo da transformação. Atualmente,
e de acordo com o Fórum Económico Mundial, consumimos 1,75 vezes mais recursos
a cada ano do que a Terra pode regenerar naturalmente. Gradualmente aparecem novos
modelos de consumo circular, incluindo a extensão da utilização do produto (reparação,
mercados secundários), embalagens reutilizáveis e plataformas de partilha. 3) Recuperação
de valor. Este ‘cluster’ prioriza soluções que fecham o ciclo no atual sistema
linear existente, “take, make, waste” (“retirar, fazer, desperdiçar”). Este
grupo de inovadores cria novas maneiras que permitem a reutilização de produtos
e a recuperação do valor existente nos resíduos ou produtos em fim de utilização.
Paulo Rosa, In Vida Económica, 23 de abril de 2021
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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quinta-feira, 28 de outubro de 2021
A economia circular
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- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
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