A produtividade é a relação entre a produção e a quantidade
de fatores de produção utilizados, nomeadamente trabalho e capital, e mede a
eficiência na produção de bens e serviços, através de melhores resultados
obtidos em menos tempo e com menos esforço. A produtividade do trabalho é
definida pelo PIB por trabalhador ou PIB por horas trabalhadas. O PIB suíço é o
triplo do português e tal é conseguido com menos população ativa, o que confere
aos helvéticos uma produtividade do trabalho quatro vezes superior à dos
portugueses.
Por exemplo, uma empresa com 100 trabalhadores e cuja produção diária, medida pela receita, são € 20 mil, num total de 800 horas de trabalho, apresenta uma produtividade do trabalho de € 25/hora. A empresa poderia aumentar a sua eficiência através da aquisição de novas máquinas, computadores mais recentes, simplificação de rotinas e mitigação dos custos burocráticos. Se essa modernização culminasse num acréscimo de receita diária para € 40 mil, a produtividade do trabalho aumentaria 100% para € 50/hora e a empresa estaria agora mais competitiva via preço, sendo possível subir salários. Uma competitividade extra-preço permitiria acréscimos ainda mais significativos, através da diferenciação do produto, de tal modo que a receita diária subiria, por exemplo, para € 100 mil, ou seja, uma produtividade do trabalho € 125/hora. Tal seria possível se a empresa vendesse camisolas de marca registada a € 50, em vez de blusas indiferenciadas a € 5.
O benefício da descida dos custos de produção é repassado em
parte aos clientes e em parte à força de trabalho através de salários mais
elevados. Mas o setor dos serviços dificilmente apresenta acréscimos de
produtividade, todavia os salários também aumentam, fenómeno descrito como a
“doença do custo de Baumol”, avançado por William Baumol, em 1966, que
exemplificou com um quarteto de cordas. Para tocar uma peça escrita para um
quarteto de cordas são necessários, atualmente, os mesmo quatro músicos que no
século XIX. Em suma, o aumento da produtividade nas fábricas impulsiona o nível
de poupança através da redução dos preços dos bens e do aumento dos salários
nas fábricas. O aumento da produtividade no setor manufatureiro eleva
inevitavelmente o custo de serviços intensivos em mão de obra, como concertos.
Se alguma orquestra pagasse a um músico o mesmo salário de há 200 anos, não
teria ninguém para tocar e todos quereriam trabalhar na indústria
manufatureira. O aumento da produtividade dos trabalhadores nas fábricas
impulsiona os salários nos serviços. A poupança nas fábricas aumenta a procura
de concertos, permite o aumento dos preços dos bilhetes e, consequentemente, os
salários dos músicos.
Os preços dos bens tendem a ser deflacionistas e dos serviços inflacionistas. Mais precisamente, os preços dos bens transacionados internacionalmente estão expostos a mais concorrência e, por isso, tendem a ser mais deflacionistas do que os bens não transacionados internacionalmente. Os preços dos serviços prestados localmente tendem a ser os mais inflacionistas no cabaz de bens e serviços.
Eletrodomésticos gradualmente mais baratos em termos reais
proporcionam um aumento do consumo de educação e saúde, tendencialmente mais
caros. Setor primário, secundário e terciário de serviços indiferenciados
tendem a ser mais deflacionistas. O setor terciário superior (ou quaternário)
que incluiu as atividades intelectuais, tende a ser inflacionista.
A substituição de trabalhadores por máquinas acontece em menor escala nos setores da saúde, arte, educação, atividades humanas não rotineiras, cujas melhorias não vêm do ganho de produtividade, mas dos ganhos de experiência dos funcionários.
A melhor forma de abordar a teoria da produtividade é
transformar serviços em bens. Contratar um alfaiate para fazer um fato por
medida é caro, então compramos um fato de fábrica, ou seja, fatos como um bem e
não como um serviço. Da mesma forma, podemos consumir o “bem” do quarteto de
cordas na forma de uma gravação, em vez do “serviço” ao vivo. Transformar
serviços em mercadorias industrializa o processo e reduz os custos. Em boa
verdade, o confinamento ditado pela pandemia impulsionou o consumo de bens em
detrimento dos serviços e contribui para a queda dos preços. Este ano, o
gradual regresso aos serviços, como concertos e teatros, tem alimentado também
a subida da inflação.
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