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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Quarta Revolução Industrial em Curso

A pandemia acelerou a Quarta Revolução Industrial, apesar de todos os avanços e recuos no início e durante a fase mais grave e penalizadora da pandemia e do confinamento. A convergência e a interação entre tecnologias emergentes, como a robótica, a Inteligência Artificial (AI - Artificial Intelligence), a ‘Internet das Coisas’ (IoT – Internet of Things), a computação em nuvem, a computação quântica, a nanotecnologia, entre outras, estão em forte aceleração imposta pelo distanciamento social, em consequência da pandemia, que tem impulsionado o teletrabalho, o comércio eletrónico e a crescente convivência em casa e à distância. Todavia, no início do confinamento, na primavera do ano passado, as previsões de crescimento das novas tecnologias foram revistas em baixa. Ao nível da IoT e em resultado das paralisações na produção, interrupções nas cadeias de abastecimento e escassez de componentes, a IoT, em 2020, diminuiu 18% em comparação com a previsão pré-covid no final de 2019, segundo a ABI Research. O elevado nível de incerteza em torno da propagação da covid-19, no ano passado e que ainda hoje persiste, e o desenvolvimento, produção e distribuição de uma vacina potencial tiveram um impacto na procura de aplicações da IoT que resultaram em alterações ao nível das preferências do consumidor.

Muitos projetos empresariais e planos de cidades inteligentes foram colocados em espera porque as empresas tiveram que lidar com a desaceleração da economia, e contração global no segundo trimestre de 2020, determinada pela pandemia, e os governos priorizaram e redirecionaram os seus orçamentos para responderem à crise sanitária. 

No entanto, a disseminação do novo coronavírus impulsionou a crescente utilização das novas tecnologias. As câmaras de deteção de temperatura para identificarem potenciais infeções aumentaram substancialmente e a procura de tecnologias que facilitam o gradual regresso em segurança dos trabalhadores às empresas é, também, provável que continue a crescer. Muitas empresas fornecedoras de soluções IoT alteraram rapidamente o seu conceito para o desenvolvimento de aplicações relacionadas com a covid-19 e dispositivos para serviços como redes sociais de monitorização do distanciamento.

Atualmente, a utilização da IoT cresce a ritmos crescentes e acima do previsto antes da pandemia, no final de 2019. Os dispositivos conectados enquadram-se em três domínios: IoT do consumidor, como ‘smartphones’ e ‘wearables’, IoT empresarial, que inclui fábricas inteligentes e agricultura de precisão, e IoT de espaços públicos, como seja a gestão de resíduos. Na medicina, a IoT ajuda a melhorar a saúde através da monitorização remota em tempo real do paciente, da cirurgia robótica e de dispositivos como inaladores inteligentes. Atualmente, um ‘smartwatch’ monitoriza o ritmo cardíaco e alerta o utilizador para alterações graves, ou poderá avisar um centro de monitorização. Nos últimos 12 meses, o papel da IoT na pandemia de covid-19 foi determinante. No futuro, o conjunto e a variedade de aplicações de IoT em potencial é "limitada apenas pela imaginação humana", e isso inclui a promoção da sua utilização na maior eficiência dos recursos naturais, na construção de “cidades inteligentes”, melhores e mais justas, e no desenvolvimento de alternativas energéticas limpas e acessíveis.

A tecnologia 5G, e 6G nos próximos anos, aumenta significativamente a velocidade de processamento de dados e reduz substancialmente o tempo de latência, permitindo que estradas inteligentes de IoT se conectem com carros autónomos, melhorem a segurança do condutor e otimizem o fluxo de tráfego, reduzindo potencialmente o tempo médio das deslocações. Os tempos de atendimento de emergência médica também podem ser reduzidos significativamente. O mapeamento de um crime em tempo real e as ferramentas ao dispor das forças de segurança também podem ajudar a prevenir o crime.

Porém, apesar de todos os benefícios, as tecnologias de IoT levantam também potenciais riscos, tais como questões de segurança e privacidade, crimes cibernéticos, vigilância no trabalho, em casa ou em espaços públicos e controle de mobilidade e expressão. Riscos que devem ser acautelados através da constante atualização da legislação em vigor.

Paulo Monteiro, In Vida Económica, 14 de abril de 2021





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