Os avanços tecnológicos impulsionam o crescimento económico e diminuem o nível
de inflação. “Ceteris paribus”,
quanto maior for o nível tecnológico, maior será o diferencial positivo entre a
produção de bens e serviços e a inflação dos mesmos, ou seja, mais elevado será
o bem-estar da população, refletido num robusto crescimento do PIB e numa baixa
taxa de inflação. Níveis mais elevados de educação, de conhecimentos e de
cuidados de saúde reforçam os avanços tecnológicos e permitem populações mais
informadas e mais saudáveis à disposição da economia, proporcionando um melhor
desempenho económico. Se aliado a um relativo grau de liberdade económica, quanto
mais elevado for o índice de desenvolvimento humano (IDH), maior será o
potencial de crescimento de uma determinada economia.
Também a globalização permite preços mais baixos, graças à maior concorrência e,
consequente, maximização do binómio qualidade/preço. Além de ter dado
oportunidade a muitos países de saírem da pobreza, a globalização, tal como
referia o economista inglês do séc. XIX, David Ricardo, na sua teoria das
vantagens comparativas do comércio internacional, permite que um determinado
país, mesmo que não seja competitivo em termos absolutos na produção de nenhum
bem, possa continuar a participar no comércio internacional e especializar-se naquilo
em que é mais produtivo. A tecnologia de cada país determina os seus custos
unitários e a sua produtividade. Quanto maior o grau de globalização, maior
será o potencial mundial de crescimento económico.
Da mesma forma, quanto mais pessoas produtivas estiverem aptas para trabalhar,
maior será o potencial de determinada economia. Se, por absurdo, todas as
pessoas estivessem doentes a produção cairia para zero. Analogamente, à medida
que envelhecemos a nossa aptidão para o trabalho produtivo diminui e,
consequentemente, o envelhecimento da população penaliza o crescimento
económico. Mesmo os conhecimentos técnicos e a experiência de uma vida, de
alguns aposentados, poderão estar indisponíveis devido a uma doença mental.
Até à entrada no mercado de trabalho, a população não produz quaisquer bens e
serviços, bem como depois da vida ativa. A primeira fase é de aprendizagem e
aquisição de conhecimentos essenciais para alicerçar um robusto crescimento
económico no futuro. A última fase é caracterizada pelo usufruto de uma vida de
trabalho e consumo gradual de cuidados de saúde inerentes ao avançar da idade.
Ambas as fases são inflacionistas. Todavia, a fase intermédia é idade produtiva
e é deflacionista, definida por uma capacidade de produção superior ao consumo.
Nos EUA os ‘baby boomers’ (nascidos
no pós-guerra até meados da década de 1960), retiram-se gradualmente do mercado
de trabalho e avolumam a população de dependentes impulsionada pelo aumento da
longevidade. Os norte-americanos não estão preparados para este crescente
aumento de pessoas necessitadas de mais cuidados, nomeadamente de saúde, o que
pressionará, talvez, em alta os salários das poucas pessoas preparadas para
desenvolverem esta atividade, mais um fator inflacionista.
A transição energética, espelhada numa política generalizada de descarbonização,
tem custos, logo é inflacionista. E apesar da descida significativa dos custos
das infraestruturas eólicas e solares na última década, a indisponibilidade
para uma necessidade constante de eletricidade é um problema (solar disponível apenas
de dia e eólica quando está vento) e os combustíveis fósseis continuam a
fornecer parte da eletricidade. Na prossecução do objetivo de descarbonização,
a energia nuclear poderia complementar a produção de eletricidade, mas há uma perceção
negativa quanto à utilização desta energia. Morrem mais pessoas de acidente de
automóvel do que de queda de avião, mas o receio de andar de avião é uma
realidade e o de um acidente numa central nuclear também. A mente humana
foca-se mais na concentração do risco do que na sua dispersão. O acidente
nuclear de Fukushima em 2011 impulsionou os preços da eletricidade no Japão nos
anos seguintes e ditou o encerramento de parte das centrais nucleares a nível global.
Em suma, os fatores deflacionistas impulsionam o crescimento económico, mas as
variáveis inflacionistas concorrem para uma menor produtividade e declínio da
atividade económica.
PMR In VE 12 novembro 2021
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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sexta-feira, 12 de novembro de 2021
Variáveis deflacionistas impulsionam economia
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- Paulo Monteiro Rosa
- Naturalidade Angolana
- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
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