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sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

De Davos à China

Segue esta semana a realização da 50ª Reunião Anual do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, onde estão presentes os principais Chefes de Estado mundiais, como Donald Trump, economistas, banqueiros, passando pela mais mediática ambientalista da atualidade, Greta Thunberg. O Fórum dever-se-á focar em quatro pontos fulcrais e globais: a) Como lidar com os prementes desafios climáticos e ambientais que impactam a ecologia e a economia; b) Como transformar as indústrias para alcançarem modelos de negócios mais sustentáveis e inclusivos. E como as novas prioridades políticas, económicas e sociais alteram os padrões do comércio e do consumo, com o surgimento de novos paradigmas; c) Como encontrar uma simbiose entre as novas tecnologias que impulsionam a Quarta Revolução Industrial e o benefício para todos os negócios e a para a sociedade; d) Como todos se devem adaptar às tendências demográficas, sociais e tecnológicas que reformulam a educação, o emprego e o empreendedorismo.

Esta quinta-feira, dia 23 de janeiro, realiza-se a reunião do Banco Central Europeu (BCE), sendo as palavras de Christine Lagarde sempre aguardadas com bastante expetativa, assim como a introdução de temas disruptivos na agenda da política monetária como o ambiente e a demografia.

No dia 29 de janeiro, a Reserva Federal norte-americana (FED) decidirá sobre a condução da sua política monetária, nomeadamente quanto à evolução das taxas de juro de referência. Atualmente, os futuros sobre as probabilidades de alterações nas taxas de juro, negociados na bolsa de derivados de Chicago, indiciam uma expetativa de 85% de manutenção da taxa de juro e uma probabilidade de 15% de subida de 25 pontos percentuais, espelhando uma relativa força da economia, que não se verificou no 3º trimestre do ano passado e que obrigou o FED a descer as taxas de juro três vezes consecutivas desde 31 de julho.

A 30 de janeiro, realiza-se a reunião do Banco de Inglaterra (BoE) para definir a sua política monetária. A unanimidade de outrora (9-0), nas últimas reuniões não tem existido, com 2 membros a votaram a favor de uma descida de 25 pontos base, contra 7 que optam pela manutenção (7-2). Uma descida pressionaria a libra esterlina. O BoE descerá taxas na próxima reunião, no final do mês, para acomodar e dar algum suporte ao esperado "Brexit" no dia seguinte? A 31 de janeiro, e nos dias seguintes caso o "Brexit" tenha lugar no último dia de janeiro, teremos as primeiras repercussões.

A 7 de fevereiro, será divulgado o relatório do emprego nos EUA relativo a janeiro. Os "Non-Farm Payrolls" (NFP) manter-se-ão perto dos 200 mil? Ou enfraquecerão e serão apenas criados entre 50 mil e 100 mil postos de trabalho? Será interessante aferir se o salário médio/hora irá continuar a fraquejar. Em dezembro foi de 2,9%, algo que não acontecia desde julho 2018. Na vasta panóplia de dados referentes ao trabalho no relatório de emprego, este parece que começa a dar alguns sinais de fadiga…

Não se preveem evoluções inesperadas na cotação do barril de petróleo. A próxima reunião da OPEP é a 5 e 6 de março.

As matérias-primas, nomeadamente os metais preciosos, poderão continuar em alta. As baixas taxas de juro continuam a impulsionar os ativos financeiros que não geram renda, tais como os metais preciosos, que concorrem facilmente com os restantes ativos financeiros com rentabilidades cada vez mais baixas, em alguns casos negativas….

A guerra comercial entre os EUA e a China está implicitamente relacionada com superioridade tecnológica e, após o acordo de Fase 1 recentemente firmado, haverá dificuldade em resolver a questão central da longa disputa comercial, que é a prática corrente de subsidiação da China às suas empresas. As grandes questões pendentes que não foram abordadas na Fase 1 são realmente características do capitalismo chinês, a saber, o apoio a empresas estatais e o sistema de empresas dirigidas pelo Estado. É baixa a probabilidade de um acordo comercial de Fase 2, mais abrangente, entre os EUA e a China. Em boa verdade, a guerra comercial não é realmente sobre comércio, é sobre superioridade tecnológica… 

Paulo Rosa, In Vida Económica, 24 de janeiro 2020





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