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sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

O Médio Oriente, o petróleo e as bolsas

As petrolíferas europeias recuperam, acompanhando a subida significativa dos preços do petróleo perante a crescente tensão entre os EUA e o Irão.

Os analistas do Goldman Sachs referem que o período de revisão negativa dos lucros das principais empresas petrolíferas da Europa provavelmente terá chegado ao fim, reiterando as recomendações de compra para a britânica BP e para a francesa Total.

O recente crescendo das tensões geopolíticas no Médio Oriente aumentaram o risco, espelhado nas cotações dos metais preciosos, com o ouro a rondar os 1600 USD/onça troy, o valor mais alto desde meados de 2013, há quase sete anos. Paládio em máximos históricos, acima dos 2000 USD/ onça. A Bitcoin tem funcionado como reserva de valor, alcançando máximos de meados de novembro, valorizando cerca de 15% desde o dia 3 de janeiro.

A rentabilidade das obrigações a 10 anos da dívida soberana germânica desceu dos -0,20% para -0,30% no início do ano, como ativo refugio. Também a "yield" da dívida pública gaulesa a dez anos desceu de 0,11% para 0%.

Mas esta descida das rentabilidades não se confinou apenas aos países com melhores fundamentais económicos, pois países periféricos como Portugal e Espanha viram também as rentabilidades das suas dívidas soberanas caírem. Todavia, os mercados acionistas registaram quedas pouco acentuadas e a volatilidade, nomeadamente do SP500 medida pelo VTX, teve uma subida pouco significativa, o que reflete que o risco percecionado pelo mercado não se agravou consideravelmente.

A Galp está em máximos dos últimos 15 meses, níveis de outubro de 2018, acompanhando a subida do preço do petróleo. A evolução da petrolífera nacional é tirada a papel químico do comportamento da cotação do petróleo.

Segundo alguns analistas, existiram dois pontos desfavoráveis que levaram a revisões negativas dos lucros nos últimos 12 meses das empresas petrolíferas: preços mais baixos do petróleo e enfraquecimento das margens.

Atualmente, existe uma melhoria da perspetiva para 2020.

As companhias aéreas têm sido as mais penalizadas pelo agudizar das tensões políticas no Médio Oriente, com a escalada da cotação do barril de petróleo a ter um impacto negativo na Lufthansa, na Air France e na Easyjet. Algum receio em torno de um hipotético atentado de aviação ou a diminuição do turismo, não só confinado à região asiática acima referida, poderão também ter um efeito negativo sobre as empresas ligadas ao tráfego aéreo.

No entanto, um crescendo de retaliações entre ambas as partes antecedeu a morte de um alto responsável do regime iraniano no início do ano. E, de acordo com o seu comportamento, tudo leva a crer que o mercado está ciente destes desenvolvimentos e que a génese do problema não começou em 2020, e caso não haja uma escalada nas tensões políticas, no Médio Oriente, é bem provável que os mercados acionistas regressem a máximos históricos, nomeadamente nas bolsas norteamericanas, e o principal índice da bolsa alemã, o DAX30, alcance os máximos históricos registados no início de 2018. O Nikkei225 pode regressar aos máximos dos últimos 30 anos, desde 1991, e o CAC40, que desconta os dividendos, terá boas perspetivas de recuperação. As bolsas chinesas, devido às tensões comerciais e ao abrandamento económico, deverão ficar bastante aquém dos máximos alcançados na euforia vivida em 2007 e 2015. 

Paulo Rosa, In Vida Económica, 10 de janeiro de 2020





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