Since December 25th, 2010

Translate

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Mercados seguem estáveis, com a 'earnings season' à porta

Na zona euro, as negociações entre os membros sobre a forma de atuar do Mecanismo Europeu de Estabilidade, mantêm-se reféns dos eleitorados.

PAULO ROSA

Economista senior do Banco Carregosa

As ações dos EUA subiram, a refletirem um otimismo quanto a mais estímulos monetários e orçamentais e uma eventual reabertura da economia mais cedo, que estará a ser estudado pela Casa Branca.

As ações europeias seguem a aliviar dos valores mais altos de há um mês, depois dos ministros das finanças da Zona Euro não terem alcançado ainda um plano de recuperação económica, numa maratona negociai de 16 horas. Perante um reconhecido esforço do eixo franco-alemão, a Itália e a Holanda entraram em rota de colisão sobre como criar empréstimos do fundo de resgate de 500 mil milhões de euros. Roberto Gualtieri, ministro das Finanças de Itália, exigiu que as linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade não vinculassem os países que irão receber dinheiro para realizar reformas económicas. No outro extremo do espectro, Hoekstra, ministro das finanças da Holanda, insistiu que o seu governo não aceitaria um mecanismo livre de restrições. Ambos os países estão reféns dos seus eleitorados mais extremados, que é transversal a todos os países da Zona Euro.

A Ahold Delhaize divulgou esta semana alguns números, e espera que as vendas do grupo cresçam cerca de 1596 no Io trimestre de 2020, em parte justificadas pelo maior procura, espelhada no aumento dos stocks de alimentos e outros produtos essenciais pelos clientes, em resposta à agudização do surto do coronavírus.

A empresa prevê um crescimento comparável das vendas à volta dos 14% nos EUA e de 10% na Europa no 1º trimestre.

A margem operacional deverá ser de 4.4%, acima do trimestre homólogo do ano passado, e parcialmente atribuído a um efeito de temporário, tendo em conta que os custos relacionados ao COVID-19 só se tornaram significativos no final do 1º trimestre de 2020.

Perante a elevada incerteza, o comportamento dos clientes e das compras pode mudar facilmente, mas a Ahold Delhaize, para já, mantém para 2020 uma perspectiva de margem operacional de 4,2%, em linha com 2019. Crescimento médio do lucro por ação de um dígito ao ano.

A Heineken, no 1º trimestre, espera uma redução do volume total consolidado de cerca de 4%, com os volumes de cerveja a diminuírem aproximadamente 2%. A Heineken estima que esse impacto piore no 2° trimestre. A cervejeira holandesa espera para 2020 um crescimento orgânico operacional, de meio dígito. Mas o banco holandês, o ABN AMRO Bank, tem uma visão menos favorável para a Heineken, de um declínio orgânico de 6%.

AÇÕES GALP 

A Galp aumentou a produção de petróleo no 1 - trimestre, mas a margem de refinação teve tombo de 19%. A Galp irá reduzir em 500 milhões por ano o plano de investimentos. A S&P manteve o rating do BCP em BB, mas alterou a perspectiva de positiva para estável. A Mediobanca cortou a recomendação do BCP de outperform para neutral. A Jerónimo Martins irá distribuir 10 milhões de euros em bónus pelos empregados em Portugal. A VW está a considerar a possibilidade de pagar um dividendo recorde de 3,3 mil milhões de euros conforme o planeado, ou usar parte dele para sustentar as suas contas perante as adversidades causadas pela Covid-19.

CAMBiAL

lira turca em mínimos

A moeda turca segue em mínimos históricos, nos 6,80 por dólar americano, acima dos valores durante a crise cambial de 2018, refletindo o stress financeiro que o país atravessa, com o alastrar do coronavírus a diminuir a atividade. A Turquia respondeu ao surto anunciando um resgate de 100 mil milhões de liras para ajudar as empresas e os consumidores. A Fitch alertou em março que o elevado endividamento - cerca de 170 mil milhões de dólares em pagamentos de dívica de curto prazo do setor público e privado devidos este ano - a tornou particularmente vulnerável às flutuações do mercado global.

OURO EM EUROS EM MÁXIMOS

A cotação do ouro em euros está em máximos, e o seu comportamento dependerá do desempenho do dólar, da procura por ativos de refúgio e dos níveis de volatilidade. São os três catalisadores do metal amarelo no curto prazo.

Normalmente, sempre que o índice do dólar sobe, a tendência do ouro é desfavorável e, por isso, é fundamental saber se o dólar tem ainda espaço para apreciar Durante períodos de extrema volatilidade, cem o VIX acima dos 60 ou 70 pontos, o ouro não apresenta um desempenho favorável. Há a preferência por dólares, a moeda de referência mundial, porque os investidores precisam de obter liquidez. 




Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue

Seguidores

Economista

A minha foto
Naturalidade Angolana
Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.