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sexta-feira, 24 de abril de 2020

No turbilhão da pandemia, o sector tecnológico chegou, viu e venceu...

A uma semana dos resultados das big tech, os mercados estão resilientes. No início desta, um cisne negro: o petróleo WTI em terreno negativo. 

Paulo Rosa, Jornal Económico, 24 de abril de 2020  

O mercado aguarda com expectativa os resultados das poderosas big tech no final da próxima semana. A Amazon segue em máximos históricos a capitalizar o confinamento, bem como a Netflix. A Google, a 15% dos máximos e o Facebook a cerca de 17%, apesar de estarem a ser intensamente procurados e utilizados, apresentam os desempenhos mais fracos, penalizadas pela hipotética diminuição por parte das empresas do capex, nomeadamente em publicidade. A Apple segue em valores do final de dezembro, a 14% do seu máximo histórico verificado há menos de 3 meses. As vendas e o profit waming reprimem o título. A Microsoft perde 9% desde o máximo de fevereiro, mas segue a cristalizar a onda da Covid-19, perante a utilização de muitos alunos do Teams para as aulas virtuais, a utilização de softwares, e a compra de computadores para teletrabalho.

Esta meia dúzia de empresas são somente as maiores capitalizações do mundo, e pesam mais de 20% do S&P 500 e quase 50% no NasdaqlOO, e dão sinais de que podem sair da pandemia mais fortes.

O sector energético poderá passar por um processo de fusões e aquisições para sobreviver à forte queda da cotação do barril do petróleo que ameaça a falência de empresas petrolíferas. Algumas companhias de shale oil já encerraram portas. O desemprego nos EUA caminha, muito provavelmente, para valores de há 85 anos, após a grande depressão de 1929, de acordo com os pedidos de subsídio de desemprego que foram divulgados nas últimas 5 semanas. Contudo, a percepção é de que o mercado já desconta esta considerável subida da taxa de desemprego, e espera que a recuperação da economia seja rápida, já no 2o semestre do ano. No entanto, e de acordo com as subidas das últimas 5 semanas, o mercado não parece expectar, de momento, uma segunda vaga da Covid-19.

A cada semana que passa, o aumento significativo dos balanços dos bancos centrais para máximos históricos, consubstanciado em acrescidos estímulos monetários, no intuito de mitigar as consequências ao nível económico das limitações à circulação provocadas pela Covid-19, vão mantendo acesso o pavio que alimenta os mercados financeiros... O Banco Central Europeu irá trilhar o mesmo caminho da Reserva Federal norte-americana e vai também comprar High Yield. Enquanto isso, a União Europeia continua em negociações, que devem levar semanas até um consenso final. A França apoia a proposta espanhola de 1,5 biliões de euros, cerca de 8% do PIB da UE, no seio do orçamento da União, financiada pela emissão de dívida perpétua e repartida de acordo com o impacto da Covid-19 em cada país. O valor aprovado pelo congresso norte-americano, de apoio à economia dos EUA, de 2.2 triliões de dólares (escala curta americana) é cerca de 10% do PIB dos EUA.

BOLSA AÇÕES

A destilaria francesa Pernod-Ricard interrompe recompra de acções, de 500 milhões de euros, após a queda de 15% das vendas no trimestre. Reitera a previsão de queda de 20% no lucro operacional ajustado para este ano. A Renault diz que é cedo para avaliar os danos causados pelo vírus, porém as vendas caíram 19%. A Volvo publicou vendas líquidas no 1Q trimestre de 91,4 biliões de coroas suecas, uma queda de -15% relativamente ao trimestre homólogo do ano passado. Eram estimados 84.29 biliões. Vivendi comprou 10,6% do Grupo Lagardere. A Philips apresentou resultados no ^trimestre abaixo do estimado.

COMMODITIES PETRÓLEO - WTI

O WTI, referência para os EUA, é um "landlocked" - localiza-se no interior dos EUA, em Cushing, cidade do Oklahoma - e padece de excesso de oferta. Os pipelines canadianos e do golfo do México há anos que vêm esgotando a capacidade de armazenamento.

O melhor local, atualmente, seria "armazenado" na mãe natureza. Mas reduções da oferta não são imediatas. Um Super Contango provocado pelo excesso de oferta e escassez de armazenamento, com petróleo para entrega imediata mais barato que os contratos futuros, culminou com o insólito valor negativo de -40 USD/barril no contrato de maio.

CAMBIAL REAL BRASILEIRO

A moeda brasileira continua a registar novos mínimos históricos face ao euro e ao dólar, nos 5.90 reais e nos 5.45 reais. A desvalorização foi impulsionada pela expectativa de que o Brasil volte a cortar a taxa básica de juros, a Selic. A maioria dos ativos de risco, designadamente do setor energético, continuam a perder em função da instabilidade na indústria petrolífera. O Banco Central sinalizou que a Selic possa voltar a descer, e, embora juros mais baixos ajudam a economia, também diminuem a atratividade dos títulos brasileiros, afastando o capital estrangeiro especulativo e reduzindo a quantidade de dólares no país. 






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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.