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sexta-feira, 7 de maio de 2021

O 11 de setembro e a covid-19: o medo do desconhecido

No passado mês de março, um profundo medo do desconhecido apoderou-se dos mercados, à medida que o novo coronavírus se propagava rapidamente por todo mundo. Foram tomadas medidas sem precedentes pelos bancos centrais, com maior enfâse para a esforçada política monetária expansionista da Reserva Federal Norte-americana com o intuito de mitigar os danos causados pelo confinamento e distanciamento social ditado pela pandemia. Estes factos viriam a ser determinantes no “novo normal”, liderado pela tecnologia e o teletrabalho acabou por ser retirado da gaveta onde permanecia há alguns anos. A Quarta Revolução Industrial Em Curso (QRIEC) acelerou depois do confinamento de março, abril e maio.

O mercado enfrentou outros eventos históricos com extrema volatilidade e, talvez, a compreensão da reação a esses eventos possa ajudar a lidar com a atual incerteza quanto à evolução da economia mundial.

Em março, depois de um longo “bullmarket” de mais de uma década, os mercados viveram o “bearmarket” mais rápido de toda a História financeira, com quedas impressionantes à volta dos 40% e semelhantes às de outubro de 2008, após a falência do Lehman Brothers a 14 de setembro. Em ambos os períodos apenas o dólar valorizou, como último refúgio de excelência perante a necessidade urgente de liquidez. As ações, obrigações, imobiliário e até o ouro registaram perdas significativas em outubro de 2008 e em março deste ano.

A queda a seguir ao 11 de setembro foi gradual. Na verdade, os mercados vinham de um lento processo de ajustamento da bolha das “dotcoms”, e assim permaneceram até outubro de 2002. A semelhança entre a atual crise provocada pela Covid-19 e o 11 de setembro é que o medo não é financeiro. Há um denominador comum: o receio do desconhecido que atinge a vida das pessoas. Atualmente, os investidores não sabem como irá evoluir a pandemia ou quando a vida regressará ao normal. Depois do 11 de setembro, o mercado permaneceu fechado durante quatro sessões consecutivas. Se a interrupção da negociação não foi sem precedentes, é difícil encontrar outro exemplo histórico dessa longa pausa. Quando o mercado reabriu para negociação, após o 11 de setembro, caiu durante cinco dias consecutivos e perdeu mais de 8%. A incerteza dominou nessa altura, e hoje, todos os nossos pensamentos.

Atualmente, os terminais dos aeroportos, depois de estarem quase vazios em março, abril e maio, reabrem gradualmente, mas a incerteza é crescente com o aproximar do outono e do inverno no hemisfério norte. Existem máscaras e luvas de nitrilo por toda a parte, e gel de mãos. Parece um pouco distópico, mas é exatamente o que aconteceu depois do 11 de setembro de 2001.

A FED desceu em março as suas taxas de juro de referência em 150 pontos base, de 1.75% para 0.25%. Depois do 11 de setembro, a FED reduziu as suas taxas durante o outono de 2001. A primeira descida aconteceu a 17 de setembro, uma queda de 50 pontos base de 3.5% para 3% e terminou a 11 de dezembro de 2001 com uma taxa de juro de 1.75% para reestabelecer a confiança das pessoas, que estavam em desespero perante o desconhecido, e tentar estimular a economia, o consumo, o investimento e o emprego. A FED emprestou fundos diretamente aos bancos através de taxas de redesconto. Os 45 biliões de dólares em empréstimos com desconto pendentes a 12 de setembro superaram a média de 59 milhões das 10 quartas-feiras anteriores. Também desde o início da Covid-19 em março, e em apenas três meses, até junho, o balanço da FED aumento cerca de 70% dos 4.2 triliões de dólares para 7 triliões, uma atuação sem precedentes.

O medo de um futuro incerto e o receio do desconhecido são variáveis centrais e idênticas ao 11 de setembro e à covid-19. As pessoas lentamente adaptaram-se ao novo normal depois do 11 de setembro, nomeadamente nos aeroportos, agora supervisionados, e regressaram às suas vidas. Atualmente, as pessoas adaptam-se ao novo normal e anseiam por uma vacina.
 

Paulo Rosa, 11 de setembro de 2020, In VE


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