No passado mês de
março, um profundo medo do desconhecido apoderou-se dos mercados, à medida que
o novo coronavírus se propagava rapidamente por todo mundo. Foram tomadas
medidas sem precedentes pelos bancos centrais, com maior enfâse para a esforçada
política monetária expansionista da Reserva Federal Norte-americana com o
intuito de mitigar os danos causados pelo confinamento e distanciamento social
ditado pela pandemia. Estes factos viriam a ser determinantes no “novo normal”,
liderado pela tecnologia e o teletrabalho acabou por ser retirado da gaveta
onde permanecia há alguns anos. A Quarta Revolução Industrial Em Curso (QRIEC)
acelerou depois do confinamento de março, abril e maio.
O mercado
enfrentou outros eventos históricos com extrema volatilidade e, talvez, a
compreensão da reação a esses eventos possa ajudar a lidar com a atual
incerteza quanto à evolução da economia mundial.
Em março, depois
de um longo “bullmarket” de mais de uma década, os mercados viveram o
“bearmarket” mais rápido de toda a História financeira, com quedas
impressionantes à volta dos 40% e semelhantes às de outubro de 2008, após a
falência do Lehman Brothers a 14 de setembro. Em ambos os períodos apenas o
dólar valorizou, como último refúgio de excelência perante a necessidade
urgente de liquidez. As ações, obrigações, imobiliário e até o ouro registaram
perdas significativas em outubro de 2008 e em março deste ano.
A queda a seguir
ao 11 de setembro foi gradual. Na verdade, os mercados vinham de um lento
processo de ajustamento da bolha das “dotcoms”, e assim permaneceram até
outubro de 2002. A semelhança entre a atual crise provocada pela Covid-19 e o
11 de setembro é que o medo não é financeiro. Há um denominador comum: o receio
do desconhecido que atinge a vida das pessoas. Atualmente, os investidores não
sabem como irá evoluir a pandemia ou quando a vida regressará ao normal. Depois
do 11 de setembro, o mercado permaneceu fechado durante quatro sessões
consecutivas. Se a interrupção da negociação não foi sem precedentes, é difícil
encontrar outro exemplo histórico dessa longa pausa. Quando o mercado reabriu
para negociação, após o 11 de setembro, caiu durante cinco dias consecutivos e
perdeu mais de 8%. A incerteza dominou nessa altura, e hoje, todos os nossos pensamentos.
Atualmente, os
terminais dos aeroportos, depois de estarem quase vazios em março, abril e
maio, reabrem gradualmente, mas a incerteza é crescente com o aproximar do
outono e do inverno no hemisfério norte. Existem máscaras e luvas de nitrilo por
toda a parte, e gel de mãos. Parece um pouco distópico, mas é exatamente o que
aconteceu depois do 11 de setembro de 2001.
A FED desceu em
março as suas taxas de juro de referência em 150 pontos base, de 1.75% para
0.25%. Depois do 11 de setembro, a FED reduziu as suas taxas durante o outono
de 2001. A primeira descida aconteceu a 17 de setembro, uma queda de 50 pontos
base de 3.5% para 3% e terminou a 11 de dezembro de 2001 com uma taxa de juro
de 1.75% para reestabelecer a confiança das pessoas, que estavam em desespero
perante o desconhecido, e tentar estimular a economia, o consumo, o
investimento e o emprego. A FED emprestou fundos diretamente aos bancos através
de taxas de redesconto. Os 45 biliões de dólares em empréstimos com desconto
pendentes a 12 de setembro superaram a média de 59 milhões das 10
quartas-feiras anteriores. Também desde o início da Covid-19 em março, e em
apenas três meses, até junho, o balanço da FED aumento cerca de 70% dos 4.2
triliões de dólares para 7 triliões, uma atuação sem precedentes.
O medo de um futuro incerto e o receio do desconhecido são variáveis centrais e
idênticas ao 11 de setembro e à covid-19. As pessoas lentamente adaptaram-se ao
novo normal depois do 11 de setembro, nomeadamente nos aeroportos, agora
supervisionados, e regressaram às suas vidas. Atualmente, as pessoas adaptam-se
ao novo normal e anseiam por uma vacina.
Paulo Rosa, 11 de setembro de 2020, In VE
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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sexta-feira, 7 de maio de 2021
O 11 de setembro e a covid-19: o medo do desconhecido
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