A British Petroleum, empresa multinacional sediada no Reino Unido que opera no setor de energia, sobretudo de petróleo e gás, referiu, segundo a sua previsão anual de energia divulgada esta semana, que o crescimento da procura de petróleo é passado.
Atualmente, a
petrolífera britânica começa a repensar a sua posição nas energias renováveis e
admite que o crescimento da procura de petróleo está numa fase descendente, e
inicia-se a utilização de energia “limpa”.
A mensagem,
amplamente consensual, dos órgãos de comunicação social, economistas, OPEP+, é
de que o consumo de petróleo pode nunca recuperar os seus níveis pré-covid19, e
não apenas por causa da pandemia em si, mas devido a fatores que estavam em
jogo muito antes de o novo coronavírus ter saltado a barreira das espécies e
atingido o ser humano.
De acordo com a BP, a procura de petróleo irá cair nos próximos 30 anos. A empresa refere também no relatório que a escala e o ritmo desse declínio são impulsionados pela crescente eficiência e eletrificação do transporte rodoviário.
Nesse relatório, a BP analisa três cenários para o futuro da procura de petróleo: “Business-as-usual, Rapid e Net Zero”. Nenhum deles prevê crescimento da procura de petróleo no longo prazo. O mais otimista - da perspetiva da indústria do petróleo - é o cenário “business-as-usual”, ou seja, a procura recupera dos efeitos da pandemia, mas estabiliza nos próximos anos antes de começar a diminuir.
No entanto, esse cenário de regresso ao normal pré-pandémico, que prevê a adoção de políticas governamentais pelo menos ao ritmo que têm ocorrido no passado recente, pode não ser o mais provável. Muitos governos prometeram agendas ambientais cada vez mais hercúleas, em que as políticas “verdes” serão aplicadas muito mais rapidamente. Se esses cenários se concretizarem, a procura de petróleo nunca voltará aos níveis anteriores à pandemia, de acordo com a BP. Isso significa que a procura, provavelmente, terá atingido o seu pico em 2019, à volta dos 100 milhões de barris diários (bpd).
No cenário Rápido da BP, a procura de combustíveis líquidos cairá para 55 milhões de bpd até 2050, com o cenário também a ter em consideração uma redução de 70% nas emissões do uso de energia naquele ano. No cenário “Net Zero”, as emissões serão reduzidas em 95% até 2050, o que resultaria na redução da procura de combustível líquido para 30 milhões de bpd.
Esta semana, Von
der Leyen, presidente da União Europeia (UE), no seu discurso de estreia do
Estado da União, referiu que a UE vai avançar com uma emissão de "dívida
verde", as denominadas “green bonds”, de 225 mil milhões de euros, para
financiar as suas metas climáticas, uma quantia que representa cerca de 30% do
Plano de Recuperação de 750 mil milhões de euros. Segundo Von der Leyen, a
Europa dever-se-ia comprometer com cortes mais profundos de emissões na próxima
década, estabelecer uma meta para reduzir as suas emissões de gases de efeito
estufa em pelo menos 55% até 2030, em relação aos níveis de 1990. Von der Leyen defende que este compromisso
colocaria a UE "firmemente no caminho" para atingir zero emissões
líquidas até 2050, e que a análise da Comissão confirmou que um corte de 55%
nas emissões era economicamente viável e possível.
Paulo Rosa, 18 de setembro de 2020, In VE
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